Para as pessoas, não tem sido fácil administrar o estresse decorrente da pandemia. Agora, imagine descobrir um tumor, enfrentar sessões de quimio e radioterapia e saber que uma ONG mundial, especializada em oferecer apoio aos pacientes oncológicos, foi obrigada a interromper suas atividades. Essa foi a situação vivenciada pela professora paranaense Cacilda Maria Moro de Mattos e pela bancária aposentada Sonia Regina Brunhara de Almeida, natural de Sorocaba (SP).
Felizmente, desde 26 de abril, tudo retorna progressivamente ao normal, com a retomada das atividades presenciais na Maple Tree Cancer Alliance – sempre seguindo todos os protocolos de segurança recomendados pela Organização Mundial da Saúde e pelo Ministério da Saúde. Elas comemoram: Cacilda diz estar extremamente contente com a volta das ações e relembra os momentos mais desafiadores pelos quais passou. “O período do tratamento, em si, foi muito difícil, pois a minha rotina e a da minha família mudou completamente por conta da doença. Porém, a maior dificuldade chegou junto à pandemia, que coincidiu com o momento em que me encontrava no final da quimioterapia e início da radioterapia. Estava com a imunidade baixa e fiquei com medo de ser contaminada pela Covid-19. Houve períodos em que queria desistir de tudo e ficar trancada em casa”, relata Cacilda.
O tratamento a que ela foi submetida era para curar um câncer de mama identificado em abril de 2019. “Fiz a cirurgia em junho daquele ano e, já em agosto, iniciei as sessões de quimioterapia”, relembra. Em busca de soluções para melhorar seu bem-estar geral, Cacilda tomou conhecimento da existência da ONG Maple Tree Cancer Alliance.
Apesar de ser uma entidade internacional, a entidade tem um polo em Sorocaba, onde são oferecidos exercícios gratuitos e orientação nutricional para amenizar alguns dos efeitos colaterais relacionados aos tratamentos oncológicos.
Sonia, que também trata um câncer de mama, comenta que sua maior dificuldade durante a pandemia é marcar e comparecer às consultas com seu oncologista e mastologista. “Fui operada em 14 de janeiro de 2020 e, no mês seguinte, fui submetida a 20 sessões de radioterapia.”
Ela compara: “Receber um diagnóstico de câncer é aterrorizante, confesso. Porém, a vontade de viver é muito maior. É uma guerra e você quer sair vivo. Como sou disciplinada, faço tudo o que os médicos recomendam. Tomo os medicamentos – que causam várias reações –, mas encaro como sendo por uma boa causa. As atividades físicas ajudam a minimizar as reações adversas. Peço sempre a Deus para me dar a vitória”. E prossegue: “A pandemia é similar: estamos numa guerra, mas sem ver o inimigo. Também existe muito medo. Tomo meus cuidados, faço isolamento e sigo os protocolos, mas tem horas que há necessidade de sair, ir a um exame, ir à padaria ou ao mercado. Muitas vezes, tenho a sensação de que me contaminei na rua. Isso chega a ser até uma neurose total. Eu me cuido, mas e quem passa do meu lado, será que toma todos os cuidados?”, reflete.
A preocupação não é à toa: de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), os pacientes oncológicos fazem parte do grupo de risco para a Covid-19, junto às pessoas com mais de 60 anos e aquelas com doenças crônicas e imunidade baixa. E, justamente por terem um quadro mais delicado, estes indivíduos precisam de uma atenção especial em sua saúde como um todo.
“A Maple Tree tem como pilar o acolhimento aos pacientes oncológicos em seu momento de maior vulnerabilidade. “Criamos programas de exercícios individualizados e gratuitos para ajudar as pessoas com câncer durante sua recuperação”, ressalta a doutora Gabriela Filgueiras Sales, oncologista e vice-diretora. “Também oferecemos orientação nutricional para ajudar a aliviar alguns dos principais efeitos colaterais do tratamento do câncer. Nossa proposta é possibilitar ao paciente viver com qualidade.”
Para Sonia, participar das atividades da ONG representou um giro de 180 graus em sua vida. “Quem indicou foi minha oncologista, em outubro passado”, relembra. “Passei pela avaliação de uma equipe formada por fisioterapeuta, nutricionista e psicóloga. Eles me ajudaram a mudar totalmente meus hábitos”, comemora. “É um caminho sem volta.” Cada passo foi dado com o apoio de outros pacientes, numa valiosa troca de experiências.
Exatamente os benefícios do contato com as outras pessoas fizeram maior falta à Cacilda durante a interrupção das atividades da Maple Tree. “Eram momentos de descontração, conversa e convivência que eu tinha. Eles fazem muito bem para a gente”, afirma.
“Segui com fé esse tempo todo, mantive e redobrei os cuidados e consegui chegar até hoje, já com a primeira dose da vacina tomada e com o tratamento terminado”, finaliza Cacilda.
Sobre a Maple Tree Cancer Alliance
A luta contra o câncer é cansativa e traz uma série de efeitos colaterais ao paciente. Muitos deles, inclusive, sentem-se sobrecarregados ao lidar com a doença e com as obrigações do trabalho, estudos e casa, por exemplo.
Por isso, é essencial buscar formas de contornar as dificuldades e tornar o cotidiano mais agradável. A Maple Tree Cancer Alliance traz esta proposta aos pacientes oncológicos e acolhe-os em seu momento de maior vulnerabilidade.
“Criamos programas de exercícios individualizados e gratuitos para ajudar as pessoas com câncer durante sua recuperação”, ressalta a doutora Gabriela Filgueiras. “Também oferecemos orientação nutricional para ajudar a aliviar alguns dos principais efeitos colaterais do tratamento do câncer. Nossa proposta é possibilitar ao paciente viver com qualidade.”