Thaiza Pauluze, FOLHAPRESS
A ex-prefeita e ex-senadora Marta Suplicy (sem partido) vai assumir a Secretaria das Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo na próxima gestão de Bruno Covas (PSDB), para quem fez campanha na eleição deste ano.
A pasta é responsável por articular o diálogo institucional da capital com governos estrangeiros. Em nota, Marta classificou Covas como um político "jovem, que pensa grande e é extremamente hábil" e afirmou estar honrada com o convite, que recebeu como "grande honra e com muito entusiasmo".
"Criei esta secretaria quando prefeita e ela tornou-se um dos polos de maior sucesso do nosso governo.
Conseguimos avançar com São Paulo destacando-se como palco de importantes eventos mundiais", disse. "Sempre acreditei no instrumento do soft power, nas relações entre países e nos intercâmbios de todo tipo."
A ex-prefeita, que ficou por 33 anos no PT, havia anunciado em 2018 a sua aposentadoria com o argumento de que a relação de grande parte das legendas com o Executivo se dava na base do "toma lá dá cá numa afronta a todos os padrões de dignidade e honradez".
Ela foi ministra do Turismo no governo Lula e comandou a prefeitura da capital paulista entre 2001 e 2005. Em 2016, disputou a prefeitura pelo MDB, mas perdeu para João Doria (PSDB).
Em abril deste ano, filiou-se ao Solidariedade, comandado por Paulinho da Força. Mas deixou o partido quando a legenda decidiu apoiar a candidatura de Márcio França (PSB) à prefeitura enquanto Marta anunciava apoio à reeleição de Covas.
A sigla não havia conseguido convencê-la a lançar uma candidatura própria e nem emplacá-la como vice de Covas, o que foi rejeitado pela campanha tucana com receio de afastar o eleitorado mais conservador.
Antes de apoiar Covas, Marta chegou a manter conversas para ocupar o posto de vice de uma eventual chapa encabeçada pelo petista Fernando Haddad, e também dialogou com França.
Com a confirmação, a gestão municipal terá dois sobrenomes da polarização política entre PT e PSDB: Suplicy, que Marta manteve do ex-marido, o vereador Eduardo Suplicy (ainda no partido e parlamentar mais votado do país este ano), e Covas, que o prefeito herdou do avô, ex-governador Mário Covas, um tucano histórico.
A ex-prefeita fez campanha para Covas dentro de uma espécie de "Martamóvel". Aos 75 anos, ela é do grupo de risco para a Covid-19 e recebeu do partido um pequeno caminhão com paredes de acrílico para poder acompanhar o candidato na periferia, onde sua popularidade ainda é alta.
Como secretária, Marta afirmou que terá entre suas prioridades a captação de recursos internacionais para obras de saneamento e canalização de córregos; a defesa do meio ambiente e melhores índices de sustentabilidade na cidade; a criação de um polo de tecnologia, que chamou de Vale do Silício paulistano; e estímulo à diversidade cultural e enfrentamento do preconceito e o racismo estrutural.
Novo secretariado
Bruno Covas anunciou mais dois nomes para o secretariado da sua próxima gestão à frente da prefeitura. Ambos são atuais secretários que permanecerão em seus postos.
César Azevedo, secretário municipal de Licenciamentos, é advogado e já havia sido chefe de gabinete do prefeito. Já Juan Quirós, secretário de Inovação e Tecnologia, foi presidente das agências estadual e municipal de fomento ao empreendedorismo (InvesteSP e SPNegócios, respectivamente).
Nesta segunda-feira (21), Covas havia anunciado a doutora em Direito Eunice Prudente, professora da USP, para a Secretaria de Justiça. Eunice é mulher e negra. Na campanha, o tucano havia prometido aumentar a participação de pessoas com esse perfil no primeiro escalão da prefeitura. Covas decidiu ainda manter o administrador Rubens Rizek Jr. como secretário de Governo.
Com essas indicações, são seis os secretários já confirmados. Os postos-chave, Saúde, Educação e Transportes, ainda não foram anunciados.
Nesta terça (22), na Câmara Municipal, os vereadores da base governista aprovaram um projeto de lei que criou uma autorização para que o prefeito tenha autonomia para criar ou extinguir secretarias municipais sem aprovação do Legislativo –desde que a ação não resulte na criação de novos cargos.
Assim, Covas poderá alterar por iniciativa própria a composição da estrutura administrativa da cidade, contanto que a cada cargo criado, outro equivalente seja extinto.
A iniciativa tenta garantir que o prefeito, que negocia a composição de sua equipe com os dez partidos que se coligaram para elegê-lo, possa criar novas secretarias sem o risco de ser questionado.
Na passagem de Doria pela prefeitura, em 2017, ele promoveu por decreto a criação e extinção de uma série de secretarias municipais, mas teve de reverter as medidas após questionamentos judiciais e enviar à Câmara um projeto de lei consolidando as alterações que propôs.
Veja a lista de secretários confirmados por Covas:
Eunice Prudente - secretária de Justiça
Rubens Rizek Jr - secretário de Governo
Guilherme Bueno de Camargo - secretário da Fazenda
Marta Suplicy - secretária de Relações Internacionais
César Azevedo - secretário de Urbanismo e Licenciamento
Juan Quirós - secretário de Inovação e Tecnologia