FOLHAPRESS
Com uma pedra na mão e o rosto escondido atrás de uma máscara, um homem tem vandalizado carros de luxo estacionados pelas ruas de São Paulo.
O suspeito, que ainda não teve o nome divulgado e nem o paradeiro conhecido, faz desenhos grosseiros de órgãos sexuais acompanhados de nomes de divindades da umbanda e do candomblé no capô dos veículos.
O vandalismo veio à tona no final do mês de outubro, quando uma série de casos semelhantes passaram a ser registrados em Pinheiros, Perdizes, Pompeia e Higienópolis –todos bairros ricos da capital paulista.
A endocrinologista Ana Maria Carnevale teve a sua Mercedes GLA Class branca, avaliada em R$ 150 mil, riscada. O suspeito rabiscou desenhos de estrelas junto ao nome Iemanjá, orixá do mar cultuada pelos candomblecistas.
"Eu só penso que esse homem está querendo passar uma mensagem com os rabiscos", diz. "E vejam só: a gente manda blindar o carro pensando num tipo de proteção e vem isso". Carnevale diz que deixou sua Mercedes importada estacionada na rua Gabriel de Brito, em Pinheiros (zona oeste), na noite da última sexta-feira (1º). Ela bate cartão nessa rua, sempre ao final das tardes, porque lá está a quadra onde joga tênis com os amigos.
Naquele dia 1º diz ter passado mal e saiu do local às pressas até o hospital. "No dia seguinte, o meu marido foi buscar o carro e encontrou os rabiscos no capô", afirmou. Carnevale já sabe o tamanho do prejuízo que vai arcar para deixar a lataria de seu carro lisinha novamente. "Ele fez marcas profundas. Vou gastar cerca de R$ 4.000".
O homem foi flagrado no circuito de câmeras de vigilância da quadra de tênis em Pinheiros, frequentada por Carnevale. A administradora do espaço, que falou com a Folha na condição de anonimato, disse que o carro de outro cliente, o advogado Ronaldo Martins, também foi alvo dos rabiscos feitos à pedra.
Martins foi procurado pela Folha, mas não atendeu às ligações porque está em viagem ao exterior. Os rabiscos tomaram conta do capô e de uma das laterais do carro dele.
No Sumaré, também na zona oeste da capital paulista, a terapeuta ocupacional Ana Carolina Fernandes Marques, 32, foi a terceira vítima encontrada pela Folha.
Ela disse que estacionou seu Tiggo na rua Professor Rubião Meira, no final da manhã deste último sábado (2), para fazer compras. Ao voltar ao local, foi avisada por uma pessoa que passava na rua que o carro dela havia sido vandalizado. Detalhe: o veículo tinha menos de uma semana de uso.
No capô do veículo, diz Marques, foram riscados o desenho de um pênis, duas estrelas e mais o nome Pombagira, entidade da umbanda e do candomblé. "Eu tenho pena desse homem. É uma pessoa que está realmente precisando de tratamento, de uma ajuda", afirma.
A terapeuta gastou R$ 600 para reparar o dano e procurou nesta segunda (4) o 23º DP (Perdizes), onde registrou um boletim de ocorrência.
A Secretaria de Segurança Pública da gestão Doria (PSDB) diz que todos casos relatados estão sendo investigados nas delegacias responsáveis pelas áreas dos fatos. A pasta também analisa as imagens de câmeras e busca "por outros elementos que auxiliem na identificação do autor" dos atos de vandalismo.