28 de Abril de 2024
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Juíza do trabalho diz que trainee para negros é inadmissível

Foto: Rivaldo Gomes/Folhapress
Postado em: 20/09/2020

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Bruna Narcizo, Folhapress

 

A juíza do Trabalho Ana Luiza Fischer Teixeira de Souza Mendonça afirmou em seu perfil no Twitter que o programa de trainee 2021 do Magazine Luiza, que aceitará apenas candidatos negros, é inadmissível.

 

"Discriminação na contratação em razão da cor da pele: inadmissível", escreveu ela na rede social. "Na minha Constituição, isso ainda é proibido", afirmou a juíza ao responder um comentário feito na publicação.

 

Publicado na manhã do sábado (19), o tuíte já acumulava cerca de 500 curtidas por volta das 15h. Alguns perfis criticaram a postura da magistrada.

 

"Puxa vida, que absurdo haver ações afirmativas num país genuinamente racista, cujos passado e presente são de genocídio do negro brasileiro, que ganha menos e morre mais. É realmente inadmissível, todos somos iguais. Tenho até amigos pretos empregados, não precisa disso", escreveu o perfil @NatanCafe.

 

"Vamos voltar no tempo, escravizar sua raça sistematicamente por gerações, depois pregar sobre a inferioridade da cor da sua pele séculos, para finalmente te inserir num local subalterno de guetos e subempregos. Aí você pode comentar isso sem parecer uma patricinha alienada", escreveu @Rvfk5.

 

Outros, no entanto, concordaram com ela. "O problema é o precedente que se abre. Existem maneiras de combater a desigualdade racial e discriminação, sem precisar abrir um precedente de... Segregação", afirmou @SamLimaContador.

 

"A senhora está certíssima. Não compro mais na @magazineluiza e na @Ambev por elas estarem executando práticas discriminatórias de seleção", escreveu @EUGNIODANTAS3.

 

Em seu perfil, Ana Luiza afirma que é "aquela que gosta do art. 5º". Esse artigo da Constituição afirma que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade".

 

Na sexta-feira (18), o Magazine Luiza anunciou a abertura das inscrições para o programa que seria voltado apenas para negros.

 

"O objetivo do Magalu com o programa é trazer mais diversidade racial para os cargos de liderança da companhia, recrutando universitários e recém-formados de todo Brasil, no início da vida profissional", informou a empresa, em comunicado.

 

Atualmente, o Magazine Luiza tem em seu quadro de funcionários 53% de pretos e pardos. Mas apenas 16% deles ocupam cargos de liderança.

 

Segundo a empresa, o programa de trainees lançado nesta sexta-feira é o primeiro exclusivo para negros do Brasil. Ele foi desenvolvido em parceria com as consultorias Indique Uma Preta e Goldenberg, Instituto Identidades do Brasil, Faculdade Zumbi dos Palmares e Comitê de Igualdade Racial do Mulheres do Brasil.

 

Conforme reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo nesta semana, um homem branco chega a ganhar em média quase 160% a mais do que uma mulher negra, mesmo quando ambos são formados em universidades públicas ou dentro de uma mesma profissão.

 

Segundo pesquisadores do Insper, isso revela a discriminação contra negros e mulheres no acesso a empregos bem remunerados ou a posições de destaque dentro das empresas.

 

A empresa disse que não comentaria o caso, mas afirmou que fez uma extensiva análise jurídica para o programa. Procurada, a juíza não havia se pronunciado até a publicação desta reportagem.

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