“Você é o que você come”. Parece que quanto mais o tempo passa, mais esta frase ganha sentido, considerando o estilo de vida contemporâneo. Afinal, nunca se comeu tanta carne, sal, açúcar e produtos industrializados. Basta comparar o lixo semanal de uma pessoa nos dias de hoje e o de 30 anos atrás para perceber como aumentou a quantidade de caixas e garrafas plásticas. Sim, está mais fácil comprar comida pronta, mais acessíveis as delícias carregadas de gordura hidrogenada e açúcar ou os embutidos, cheios de sal e conservantes. Mas, por outro lado, nunca em toda história houve tantos casos de câncer, diabetes e obesidade. Doenças que, segundo pesquisas conversam entre si e têm relação direta com a alimentação.
De acordo com um estudo divulgado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), o surgimento de pelo menos um terço dos casos de câncer está relacionado aos hábitos alimentares e estilo de vida. Isso porque o câncer é uma doença multifatorial e,diferente do que se pensava, o fator da predisposição genética, não é determinante na maioria das vezes. Diante disso vale a pena escolher o que vai no prato.
É o que afirma Ana Célia Ayres Dellosso, nutricionista especialista em clínica oncológica, do IOS, Instituto de Oncologia de Sorocaba. Ela explica que estudos mostram que hábitos alimentares tanto podem favorecer o surgimento de tumores, quanto ajudar na prevenção da doença. “Enquanto alguns grupos de alimentos aumentam a produção de radicais livres que envelhecem as células ou possuem substâncias tóxicas que contribuem para a formação de tumores, outros têm substâncias bioativas capazes de proteger as células”.
Entre os exemplos de compostos bioativos estão os flavonoides, substâncias presentes em muitos vegetais, as antocianinas, responsáveis por dar a cor vermelha às frutas como morango, amora, uva e cereja, o licopeno, pigmento encontrado principalmente no tomate e melancia e que estudos indicam que pode ajudar na prevenção do câncer de próstata, além do betacaroteno existente em alimentos de cor laranja e amarelo e que funciona como antioxidante, protegendo as células do envelhecimento. Por isso, a dica da nutricionista e também do Instituto Americano de Pesquisa em Câncer (AICR), é levar uma dieta equilibrada, com uma ingestão rica de frutas, legumes, verduras, cereais integrais, feijões e outras leguminosas. “Acredito que as pessoas que seguem uma alimentação deste tipo, adquirem defesas próprias contra as mais variadas doenças, tornando-se mais fortes que elas, e isso, com certeza, propicia longevidade e qualidade de vida maiores, defende a nutricionista”.
Mas de nada adianta consumir frutas, legumes e verduras, se não estivermos atentos à higienização adequada não apenas para remover microrganismos e insetos, mas também agrotóxicos que ficam na superfície e são considerados substâncias cancerígenas. “É preciso lavar muito bem esses alimentos para remover tudo isso. Hoje no mercado facilmente encontramos produtos para a higienização de frutas e verduras. Só depois de bem limpos, é que se tornam seguros para o consumo. O fato é que a alimentação pode ser uma grande aliada na prevenção de doenças, investir no prato é investir na saúde” orienta.