Julia Chaib, FOLHAPRESS
Enquanto avança na negociação de cargos com parte dos partidos do chamado centrão, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) receberá os presidentes do DEM e do MDB para conversas nesta semana.
O presidente do MDB, Baleia Rossi, deputado federal por São Paulo, terá encontro com Bolsonaro nesta quarta-feira (22).
Já o prefeito de Salvador, ACM Neto, que comanda o DEM, se reunirá com Bolsonaro na quinta (23). O convite para o encontro ocorreu no fim da tarde desta segunda-feira (20).
O gesto do Palácio do Planalto a Neto ocorre menos de uma semana após a demissão do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que é do DEM, e em meio aos ataques desferidos por Bolsonaro ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Tanto o MDB como o DEM estão fora do centro das negociações com Bolsonaro por cargos de segundo escalão oferecidos pelo governo a outras siglas com o objetivo de formar uma base de sustentação no Congresso.
Apesar disso, o DEM, embora negue que sejam indicações politicas, tem dois representantes no ministério do governo Bolsonaro: Tereza Cristina (Agricultura) e Onyx Lorenzoni (Cidadania).
Já o MDB é a sigla do líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (TO), e do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (PE).
Em outra frente, o Planalto avançou nas conversas com PP, Republicanos, PSD e PL para que eles auxiliem o governo nas votações no Congresso.
O PP ficaria com a presidência do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) e do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
O PSD indicou um nome para a presidência da Funasa (Fundação Nacional de Saúde).
Já o PL teria o Banco do Nordeste e a Secretaria de Vigilância em Saúde, do time do recém-empossado ministro da Saúde, Nelson Teich.
O PL, partido de Valdemar Costa Neto, condenado no escândalo do mensalão, também queria o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), que integra o Ministério da Infraestrutura, mas o governo vetou.
A ideia de caciques do centrão é, se embarcarem de fato na base de Bolsonaro, levar em seguida outras legendas menores, como PROS, Avante e PSC.
Apesar das conversas, há desconfianças de ambos os lados. Os partidos do centrão temem que o presidente não cumpra as promessas.
A movimentação tem por objetivo minar Maia e o DEM e construir maioria no Congresso. Mas líderes dessas siglas que já indicaram nomes para os cargos querem que o Planalto faça uma trégua com o presidente da Câmara.
Na última quinta-feira (16), Bolsonaro acusou Maia de conspirar para tirá-lo do Planalto e qualificou como péssima a atuação do deputado.
"O Brasil não merece o que o senhor Rodrigo Maia está fazendo com o Brasil. O Brasil não merece a atuação dele dentro da Câmara", disse Bolsonaro.
Pouco depois, Maia rebateu as acusações, afirmando que o presidente usou "um velho truque da política" de trocar a pauta para tentar desviar a atenção da demissão de Mandetta.
Ele disse ainda que busca evitar que se repita no Brasil o mesmo que está acontecendo nos Estados Unidos, na Espanha e na França, onde o número de mortos pela Covid-19 subiu muito nas últimas semanas.