22 de Novembro de 2024
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Cantores sertanejos falam em família, religião e socialismo ao apoiar Bolsonaro

Foto: reprodução/Facebook
Postado em: 18/10/2022

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Marianna Holanda e Renato Machado, FOLHAPRESS


O presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu para um evento no Palácio do Alvorada nesta segunda-feira (17) artistas sertanejos, que anunciaram apoio ao mandatário neste segundo turno das eleições. Todos evocaram família, religião e aversão ao socialismo ao anunciar apoio à reeleição do chefe do Executivo.


Estiveram presentes 18 nomes do setor, como Gusttavo Lima, Marrone, Leonardo, Chitãozinho, Zezé Di Camargo, Fernando (da dupla com Sorocaba), Sula Miranda, entre outros. Também compareceram o apresentador Ratinho e o governador reeleito de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil).


Uma das estratégias da campanha de Bolsonaro é buscar colar a imagem do presidente aos músicos famosos do gênero. Mais recentemente, no domingo (9), ele visitou no camarim do estádio Mané Garrincha, em Brasília, a dupla Henrique e Juliano.


O presidente em seu discurso também voltou a criticar países vizinhos, vistos por ele como socialistas, como Argentina, Chile e Venezuela.


"Nas primárias, quando Macri [se confunde com Alberto Fernández] visitou Lula na cadeia, se esse pessoal entrar [na Presidência da Argentina] vão entrar na linha da Venezuela", disse.


"Então, já tem gente fugindo da Argentina. Da Venezuela nem se fala, e não queremos isso para o Brasil", completou.


Bolsonaro agradeceu o apoio dos cantores, que disse ser vital e decisivo, principalmente, para virar votos de jovens- fatia do eleitorado que tem mais proximidade com o adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT).


"A garotada que não conheceu o período de 2003 a 2015 não conheceu nada, mas por influência boa por parte de vocês vai começar a entender o que aconteceu", disse, em referência ao período em que o PT governou o país.


O discurso foi reforçado pelos artistas sertanejos, que evocaram a defesa dos valores tradicionais como principal motivo para apoiar Bolsonaro.


"Pelos valores tradicionais da família brasileira, declaro aqui meu voto a Jair Bolsonaro. Dia 30, eu voto 22", disse.


"É sobre isso, é sobre o idealismo da família, idealismo dos filhos. Eu acho que essa campanha relata mais do que tudo o que estamos vivendo hoje. Não é sobre nós, não é sobre eu, é sobre o futuro dos nossos filhos, é sobre o agro, sobre as pessoas do interior, as pessoas que colocam comida na mesa de cada brasileiro", afirmou Gusttavo Lima.


"Tivemos os nossos princípios, vindos dos nossos pais. E uma coisa que eu não abro mão é da família, e eu tenho certeza que todo cidadão de bem não vai abrir mão e jamais negociará a sua família, seu bem mais precioso. É melhor ter um passarinho na mão do que dois voando. E não vamos trocar o certo pelo duvidoso", completou, depois pedindo para que seus seguidores votem em Bolsonaro.


O cantor Leonardo repetiu grande parte do discurso de Bolsonaro em relação ao risco da implantação do comunismo com eventual vitória de Lula.


"Sou contra várias coisas que estão pregando por aí, o outro lado, sobre religião. A religião, o cristianismo, o evangelho, o espiritismo, a gente tem que respeitar a religião. E falar em fechar igrejas, templos, isso é totalmente negativo para a imagem do nosso país", afirmou.


"Eu acho que chegou o momento de a gente se posicionar mesmo. Chega de história de negar as evidências e manter as aparências porque estamos na reta final e estamos aqui reunidos em prol da reeleição do nosso presidente Jair Bolsonaro. Nós estamos com medo de o Brasil descambar e virar esses países de esquerda", afirmou Chitãozinho, citando um trecho de sua música mais famosa.


"A gente está aqui para pedir para nossos fãs, nossos seguidores, que pensem na hora de votar, especialmente quem está indefinido. Se a gente quiser um país melhor para todos nós, agora é a hora", completou.


A maior parte dos artistas chegou de helicóptero ao Palácio da Alvorada. Após várias sessões de fotos, o grupo se reuniu com Bolsonaro, em um encontro que foi transmitido nas redes sociais do presidente.


Os ministros Paulo Guedes, Célio Faria Jr e Fábio Faria acompanharam o encontro. O titular da Economia fez uma breve fala em que disse que "hora de eleição é emoção", exaltando o apoio dos cantores, e disse que se ele discursasse conseguiria apenas 3 votos.


"Hora de eleição é emoção, são vocês, a bola tá com vocês. Se eu for fazer discurso aí vou conseguir 3 votos, 4 votos. Falando de economia, ah desemprego, isso é conversa pra trabalho".


Uma das primeiras falas durante o encontro foi de Zezé Di Camargo, músico que já manifestou apoio ao rival de Bolsonaro, o ex-presidente Lula.


"Eu posso dizer com profundo conhecimento, porque eu já estive no outro lado, todo mundo sabe aqui, não dá para negar, eu fiz campanha, eu acreditei num projeto lá trás, numa mudança de país, coloquei meu nome em prol daquele objetivo, daquela crença, coloquei música minha para ser tema", afirmou.


"Com o passar do tempo, infelizmente, eu fui descobrindo que aquilo que eu acreditava, aquele romantismo que eu acreditava se tornou um país muito diferente daquilo que a gente idealizava, não era exatamente o que estava acontecendo", completou.


Depois, o cantor disse que já esteve "do outro lado". "Achávamos que era melhor, mas hoje chegamos à conclusão, tivemos a certeza de que o melhor para o Brasil hoje é exatamente, para presidente, Jair Messias Bolsonaro".


Em eleições passadas, Zezé Di Camargo já se encontrou com Fernando Collor, foi à posse de Fernando Henrique Cardoso e, em 2002, subiu no palanque de Lula.


Além de participar de showmícios, cedeu a música "Meu País" como jingle da candidatura de Lula há vinte anos. O apoio a Collor também ocorreu em outras duplas sertanejas. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Chitãozinho disse ver certa semelhança no apoio que a classe sertaneja deu a Collor e, atualmente, a Bolsonaro.


Nesta segunda, o cantor se queixou do uso de vídeos do PT neste ano que usavam música de sua dupla. "Nós gravamos há cinco anos, era uma música apartidária. Pegaram como se fosse música deles. Muitas pessoas ainda pensam que a gente mudou de lado, mas quero dizer hoje aqui, esse é o Brasil que nós queremos".


Após o encontro fechado, que teve trechos transmitidos em redes sociais, os cantores fizeram pronunciamentos à imprensa ao final. O apresentador Ratinho Jr. também fez um apelo contra a abstenção: "Vamos às urnas com compromisso de que a gente continue tendo esse país com as cores verde e amarela".


A campanha do chefe do Executivo contava com o apoio declarado dos cantores desde o princípio da disputa, como forma de contrapor o apoio de importante parcela da classe artística a Lula, que vão desde a cantora Anitta a Caetano Veloso.


Os sertanejos, contudo, adotaram estratégia de se posicionar apenas na véspera do primeiro turno. O motivo, segundo aliados de Bolsonaro, foi o temor de retaliação. Quando cantores sertanejos criticaram Anitta por sua escolha, seus fãs resgataram contratos suspeitos que rendeu até a uma abertura de CPI.


Jair Bolsonaro está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de votos neste segundo turno. Levantamento do Datafolha, divulgado na sexta-feira (14), mostrou que o petista Luiz Inácio Lula da Silva segue líder com 49% das intenções de voto totais, contra 44% do chefe do Executivo.


No primeiro turno, em 2 de outubro, o petista teve 48,4% dos votos válidos e Bolsonaro, 43,2%.


Antes do encontro com os artistas sertanejos, Bolsonaro recebeu o apoio do ex-prefeito de Manaus e candidato derrotado ao Senado Arthur Virgílio e do ex-senador José Agripino Maia (União Brasil-RN).


Ao comentar o apoio de duas "importantes lideranças regionais", Bolsonaro afirmou que o Brasil não quer a volta do passado, em particular os casos de corrupção e recessão. Tanto Virgílio como Agripino fizeram oposição aos governos do PT no Congresso Nacional.


Virgílio afirmou que criou-se atualmente uma lógica errônea de que "quem é bom apoia o Lula, e quem é mau apoia Bolsonaro". Acrescentou que já esteve ao lado do petista contra Fernando Collor de Mello, em 1989, mas que agora o ex-presidente cometeu um erro "mortal" ao defender que a Petrobras não seja privatizada.


"No campo econômico, [Bolsonaro] tem muito mais semelhanças comigo do que Lula tem. Ele está muito atrasado. Está ainda na fase do "o petróleo é nosso"", afirmou Virgílio, que antes disse que teve rusgas com Bolsonaro e "guerras nucleares" com Lula.


Também nesta segunda, o cantor Zezé Di Camargo apareceu ao lado e pediu votos para o candidato ao Governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), em seu programa eleitoral na televisão.


Tarcísio é apoiado por Bolsonaro e disputa o segundo turno contra Fernando Haddad (PT), adversário do atual mandatário nas eleições presidenciais de 2018.


"Eu não tenho partido político e acredito nas pessoas. Eu acompanho Tarcísio há algum tempo e posso dizer a vocês com toda a garantia do mundo: é um cara que sabe o que faz, que trabalha, que mostrou a esse Brasil a que veio", disse Zezé Di Camargo na peça.

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