FOLHAPRESS
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi alvo de panelaço pelo oitavo dia seguido na noite desta terça-feira (24).
O protesto teve início por volta das 20h30, durante pronunciamento do presidente a respeito do coronavírus. Houve atos em grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília, Curitiba e Recife. Como nos outros dias, gritos de "Fora, Bolsonaro" foram ouvidos.
Os atos têm sido convocado em redes sociais desde o último dia 17, impulsionados pela reação de Bolsonaro à pandemia, que afetou a rotina de milhões de brasileiros e deve ter duro impacto na economia. Até esta terça, o país registrou 46 mortes e 2.201 casos confirmados da Covid-19.
Desde o início da crise mundial do coronavírus, o presidente tem dado declarações nas quais busca minimizar os impactos da pandemia e, ao mesmo tempo, trata como exageradas algumas medidas que estão sendo tomadas no exterior e por governadores de estado no país.
No pronunciamento desta terça, o presidente comparou novamente a Covid-19 a uma "gripezinha" ou "resfriadinho" e pediu para prefeitos e governadores "abandonarem o conceito de terra arrasada", que, para ele, inclui o fechamento do comércio "e o confinamento em massa".
"O grupo de risco é o das pessoas acima de 60 anos. Então, por que fechar escolas? Raros são os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos."
Bolsonaro também atacou a mídia, que, para ele, criou um ambiente de pavor, e voltou a criticar governadores.
As declarações de Bolsonaro ocorrem em meio a diversas ações de governos estaduais para restringir a movimentação de pessoas, sob o argumento de que a redução de contato social é necessária para conter a transmissão do vírus.
Na última sexta-feira (20), Bolsonaro disse que não está preocupado com os panelaços. "Eu não estou preocupado com o panelaço. Eu estou preocupado com o vírus, com a saúde, com o emprego do povo brasileiro", afirmou. "Qualquer panelaço, qualquer coisa que venha a acontecer é manifestação democrática. Toca o barco."
A última vez que o presidente chamou o sistema de rádio e TV para falar à população tinha sido no dia 12 de março, quando ele sugeriu que seus apoiadores não comparecessem a atos de rua planejados para o domingo seguinte, 15 de março. A justificativa era que aglomerações poderiam facilitar a transmissão da Covid-19.
Bolsonaro, no entanto, descumpriu sua própria orientação e, no dia programado para as manifestações, se reuniu com simpatizantes em frente à rampa do Palácio do Planalto. Na ocasião, ele tocou em pessoas, as cumprimentou e posou para selfies.
Em crescente disputa com governadores de estado acerca da condução da crise do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro é pior avaliado do que eles neste quesito.
É o que revela pesquisa do Datafolha, que ouviu 1.558 pessoas de 18 a 20 de março. Feita por telefone para evitar contato com o público, ela tem margem de erro de três pontos para mais ou para menos.
Bolsonaro tem sua gestão da pandemia aprovada por 35%, enquanto governadores são vistos como ótimos ou bons em seu trabalho por 54%. Mesmo o Ministério da Saúde é mais bem avaliado que o presidente: 55% aprovam o trabalho da pasta de Luiz Henrique Mandetta.