Mateus Vargas, FOLHAPRESS
O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quinta-feira (24) ser a única autoridade do governo federal que pode se posicionar sobre os ataques da Rússia à Ucrânia e desautorizou o vice-presidente, Hamilton Mourão.
"Quem fala sobre o assunto é o presidente da República, e chama-se Jair Bolsonaro. Com todo respeito a essa pessoa que falou isso, está falando algo que não deve, não é de competência dela", disse o mandatário durante transmissão nas redes sociais.
Mais cedo, antes de Bolsonaro se pronunciar sobre o conflito, Mourão disse não concordar com o ataque feito pelo governo Vladimir Putin. O vice-presidente também defendeu que os países ocidentais forneçam ajuda militar à Ucrânia e afirmou que o Brasil não está neutro.
"Tem que haver uso da força, realmente um apoio à Ucrânia, mais do que está sendo colocado. Esta é a minha visão. Se o mundo ocidental pura e simplesmente deixar que a Ucrânia caia por terra, o próximo vai ser a Moldávia, depois os Estados bálticos e assim sucessivamente. Igual a Alemanha hitlerista fez no final dos anos 30", declarou o vice.
Em outro trecho da transmissão, Bolsonaro disse que se aconselha com os ministros Carlos França (Relações Exteriores) e Braga Netto (Defesa) sobre a guerra. Ele afirmou que fará nova reunião com estes auxiliares mais tarde.
"Mais ninguém fala. Quem está falando está dando "piruada" [palpite] naquilo que não lhe compete", disse o presidente.
O ministro das Relações Exteriores disse que o governo trabalha em plano de retirada dos brasileiros da Ucrânia.
"Só vamos retirar os brasileiros da região quando tivemos condições adequadas de segurança, que possamos garantir que o trajeto até Brasil ou a um país vizinho ocorra de maneira segura e ordenada", disse França.
Ele afirmou que "talvez seja mais fácil" retirar os brasileiros por terra, mas que também avalia negociar a entrada na região por voo internacional.
Na mesma transmissão, o presidente Bolsonaro voltou a afirmar que defende a paz. Também minimizou a visita a Putin dias antes do ataque da Rússia.
"Viajamos em paz para a Rússia. Fizemos contato excepcional com o presidente Putin. Acertamos a questão de fertilizantes", disse.
Mais cedo, Mourão ainda havia feito uma comparação entre a situação atual e a expansão militarista da Alemanha nazista comandada por Adolf Hitler. "O mundo ocidental está igual ficou em 1938 com o Hitler, a base do apaziguamento. E o Putin não respeita o apaziguamento, essa é a realidade."
"O Brasil não está neutro. O Brasil deixou muito claro que respeita a soberania da Ucrânia. O Brasil não concorda com a invasão do território da Ucrânia, isso é uma realidade", declarou ainda o vice.