26 de Abril de 2024
Informação e Credibilidade para Sorocaba e Região.

Novo peixe brasileiro é o mais potente gerador biológico de eletricidade

Postado em: 10/09/2019

Compartilhe esta notícia:

Reinaldo José Lopes, FOLHAPRESS

A criatura capaz de funcionar como o mais potente gerador biológico de eletricidade é uma espécie recém-descoberta de peixe brasileiro. Trata-se do Electrophorus voltai, popularmente conhecido como poraquê, que chega a produzir descargas de 860 volts -quase oito vezes o gerado por uma tomada comum de 110 volts.

“No entanto, a duração da descarga é bastante reduzida, de um a três segundos”, diz Carlos David de Santana, pesquisador brasileiro que trabalha no Museu Nacional de História Natural dos EUA. Junto com colegas de outras instituições do Brasil e do exterior, Santana assina um novo estudo que modificou bastante o “álbum de família” desses estranhos peixes com forma de enguia, que podem alcançar até 2,5 metros e estão presentes nos rios da Amazônia e regiões vizinhas.

Antes do trabalho que acaba de ser publicado na revista especializada Nature Communications, reconhecia-se a existência de um único tipo de poraquê, o Electrophorus electricus. O bicho foi descrito originalmente pelo pai da nomenclatura usada ainda hoje para designar as espécies de seres vivos, o naturalista sueco Carl von Linné (1707-1778), também conhecido como Lineu.

No entanto, fazia sentido imaginar que houvesse uma diversidade maior entre os grandes peixes-elétricos amazônicos, diz Santana, uma vez que os animais são encontrados numa área ampla, em ambientes heterogêneos, incluindo rios mais barrentos e mais claros, mais lentos e mais rápidos e com presença variada de minerais e matéria orgânica na água.

A intuição estava correta. Conforme revelaram exames de DNA e análises detalhadas do formato do crânio e regiões vizinhas do esqueleto dos animais, tudo indica que existem ao menos três espécies de poraquê, que começaram a se separar há 7 milhões de anos.

Além do E. voltai, com seus choques potentíssimos e habitando principalmente os rios que correm do Brasil Central rumo à Amazônia, e do E. electricus (choques mais fracos, de até 480 volts, e habitat na região mais montanhosa das Guianas), há também o E. varii, cujos choques alcançam 572 volts e que é encontrado na calha central do Amazonas, em áreas mais baixas.

É provável que a divisão de populações que deu origem às atuais espécies tenha começado quando o atual Amazonas estava se formando e estabelecendo o fluxo atual do rio, que vai do oeste ao leste da América do Sul (antes, tudo indica que a correnteza fluísse no sentido contrário, rumo ao oeste).

Os poraquês são capazes de produzir tanto descargas de baixa voltagem quanto de alta voltagem. As primeiras ajudam o bicho a se localizar dentro d’água, como se fossem uma forma elétrica do sonar dos navios, e também para a comunicação. Já as descargas mais intensas servem tanto para capturar presas quanto para a defesa.

Segundo Santana, ainda não está claro porque algumas espécies produzem choques tão fortes. “A E. voltai pode ter uma descarga mais forte como uma resposta fisiológica à vida em águas com baixa condutividade elétrica [compensando, assim, a dificuldade de “transmissão” nessas águas]. Contudo, a E. electricus vive em um ambiente semelhante e não produz a mesma descarga.”

Estudar os bichos pode trazer aplicações interessantes para a biotecnologia e a eletrônica, inspirando o design de baterias para implantes médicos, por exemplo.

Compartilhe:

NOTÍCIAS RELACIONADAS

O gol do professor Julio Akamine: futebol está na alma dos brasileiros - veja a coluna de Vanderlei Testa

Enem terá regras para evitar contágio pelo novo coronavírus

Arquidiocese pede que presidente da Câmara de SP envie denúncias que diz ter sobre padre Júlio

Lula tem encontros fora da agenda com Lira e ignora promessas de transparência

Applebee´s voltará para Sorocaba, anuncia Manga

Plataformas de embarque do novo Terminal Vitória Régia são montadas; obras fazem parte do BRT