Paulo César Manoel, acusado pela Polícia Civil de assassinar a estudante Rafaela de Campos, pagou a pensão na qual se hospedou, durante a ‘saidinha de Dia das Mães’, período em que ocorreu a morte da vítima, com uma espécie de “auxílio-detento”, equivalente a 3/4 do salário mínimo.
Rafaela foi morta no domingo do dia 26 de maio, logo após ter prestado vestibular. Neste dia, Paulo César Manoel estava fora da penitenciária, por ter recebido o benefício de saída temporária. A estudante foi rendida pelo criminoso e morta próximo ao rio Sorocaba. Seu corpo foi encontrado quase 24 horas depois por munícipes, próximo à avenida Nogueira Padilha.
Manoel, que cortou sua tornozeleira eletrônica e fugiu de Sorocaba na manhã seguinte após matar a estudante, foi capturado na capital paulista, na última quinta-feira (30), e deu entrada, um dia depois, na Penitenciária I “José Parada Neto” de Guarulhos, na última sexta-feira (31). Ele deve responder por latrocínio (roubo seguido de morte).
Até o momento, não há previsão de transferência para outro, ou seja, para a penitenciária II, de Sorocaba, onde ele já cumpria pena.
O Ipa Online questionou sobre esse valor em dinheiro recebido pelo criminoso, popularmente conhecido como “auxílio-detento”. De acordo com a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária), Manoel exercia trabalho de limpeza e conservação em trabalho externo a unidade. Com isso, ele recebia 3/4 do salário mínimo – equivalente a R$ 750, e ‘perdão’ de pena: a cada três dias de trabalho, um dia de pena é reduzido, conforme determinado pela Lei de Execuções Penais. As empresas contratantes pelo serviço depositam os pagamentos referentes à contratação de mão de obra de presos em conta bancária.
O preso, condição de Manoel, tem direito a retirar parte desse valor, suficiente para o deslocamento, alimentação e locomoção para saída temporária, na unidade, conforme a necessidade e solicitação da direção à empresa. O restante do valor fica retido e o saque total só pode ser realizado após o recebimento do Alvará de Soltura.
A SAP explica ainda que o benefício da saída temporária como o trabalho externo só acontece com autorização da justiça.
Paulo César Manoel cumpria pena pelas condenações por roubo (8 anos, três meses e 16 dias) e atentado violento ao pudor (estupro) (10 anos, 10 meses e 20 dias) totalizando uma pena de 19 anos, dois meses e seis dias.
O detento foi beneficiado pela justiça à progressão ao regime semiaberto em 14 de fevereiro deste ano, por bom comportamento na cadeia. Sua primeira saída temporária ocorreu em 5 de abril de 2019, retornando em 8 de abril.
A segunda saída temporária foi concedida em 24 de maio, sendo que devia ter retornado no dia 27 do mesmo mês, período no qual ocorreu o homicídio de Rafaela. No dia em que deveria ter retornado da saída temporária, Manoel rompeu a tornozeleira eletrônica e a deixou em cima da cama da pensão onde estava hospedado.
Sobre o fato do corte do equipamento eletrônico, a SAP informou que “estão sendo tomadas as devidas providências”.
PM questiona crime
A PM, na capital paulista, logo após ter capturado o acusado, o questiona em vídeo a respeito do crime ocorrido em Sorocaba, no qual o suspeito rende Rafaela em um ponto de ônibus em Sorocaba, a leva até um trecho próximo ao rio Sorocaba, já na altura da avenida Nogueira Padilha, e depois foge. Manoel confirma que está foragido da penitenciária e de que era procurado por homicídio (agora, latrocínio – roubo seguido de morte) no município. Ele confirma o encontro com ela, mas não confessa que a matou ou a afogou. Ainda, afirma à policial que o questiona que “só falará em juízo”.
Como ocorreu o crime
Câmeras de segurança registraram o momento em que a jovem foi abordada e feita refém pelo criminoso. O criminoso abordou a vítima num ponto de ônibus, na rua Paula Santos, na região central, na noite de domingo (26).
Até então, o crime, que era investigado como homicídio, passou a ser considerado como latrocínio, pois os pertences de Rafaela não estavam com ela quando o corpo da vítima foi encontrado.
Imagens ainda mostram o criminoso caminhando e segurando a jovem pelo braço, na pista de caminhada da avenida Dom Aguirre, às margens do Rio Sorocaba. Toda a ação dura menos de meia hora. Logo após deixar a vítima à beira-rio, o agressor é visto pela ultima vez caminhando sozinho subindo pela rua do Terminal São Paulo.
Segundo o delegado Marcelo Carriel, longe da vista das câmeras, Rafaela teria tentado lutar contra seu agressor e neste momento, ao que tudo indica, ele teria esganado-a e a jogado desmaiada no rio. A jovem, apesar de estar desfalecida, ainda respirava e foi encontrada água em seu pulmão, por isso o laudo apresentado demonstrou que a causa da morte seria por afogamento.
A morte de Rafaela
O corpo de Rafaela foi encontrado no fim da tarde de segunda-feira (27), no rio Sorocaba. A jovem, moradora de Votorantim, desapareceu após sair de casa para prestar vestibular. Seu corpo foi encontrado por pedestres no rio Sorocaba, próximo à avenida Nogueira Padilha. Bombeiros resgataram o corpo.
Rafaela havia saído de casa no domingo (26), pela manhã, para prestar vestibular em uma faculdade localizada no Centro de Sorocaba e depois disso não deu mais notícias à família.
A faculdade Esamc, em nota oficial, informa “que a jovem Rafaela de Campos prestou vestibular nesta instituição de ensino no último domingo, dia 26 de maio, tendo saído das instalações por volta das 18h25. Com muita tristeza, solidarizamo-nos com os familiares e amigos de Rafaela. Colocamo-nos à disposição para o fornecimento de todas as informações possíveis, que porventura colaborem com as investigações e solução do caso”.
Câmeras de segurança registraram a jovem caminhando por várias ruas do Centro por volta das 18h30. Segundo a Polícia Civil, o laudo demonstrou que a causa da morte de Rafaela seria afogamento.
A mãe da garota registrou boletim de ocorrência por desaparecimento no início da manhã de segunda-feira (27), relatando que a filha saiu de Votorantim para ir fazer a prova em Sorocaba no domingo, por volta das 11h30, e que não tem o costume de sair de casa sem retornar.
A princípio, explicou a delegada Luciane Bachir, havia a hipótese de Rafaela ter entrado em um carro de transporte por aplicativo, porém a informação foi totalmente descartada durante a investigação.
O corpo de Rafaela foi sepultado na última quarta-feira (29), no cemitério São João Batista, em Votorantim.