Débora Sögur Hous, FOLHAPRESS
O aplicativo de mensagens WhatsApp anunciou ter banido cerca de 100 mil usuários no Brasil nesta semana para conter desinformação, spam e notícias falsas.
A iniciativa da empresa ocorre após reportagem da Folha de S.Paulo da última quinta-feira (18) revelar o financiamento por empresas, como a varejista Havan, de campanha contrária ao PT com pacotes de disparo de mensagens em massa. Esse tipo de doação é proibido pela legislação eleitoral.
O senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), um dos filhos do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), teve a conta suspensa. Segundo o WhatsApp, Flávio foi impedido de usar o mensageiro porque estava disseminando spam, isto é, mensagens não solicitadas. Ele já recuperou o número.
Na sexta (19), o WhatsApp também bloqueou as contas ligadas às agências de mídia Quickmobile, Yacows, Croc Services e SMS Market, que são suspeitas da prática mostrada na reportagem da Folha de S.Paulo.
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) abriu investigação sobre o caso; e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu à Polícia Federal um inquérito sobre a disseminação de notícias falsas.
A reportagem da Folha de S.Paulo monitorou 123 grupos, com mais de 10 mil usuários desde setembro e viu a multiplicidade coordenada de núcleos de disseminação de conteúdos feitos por apoiadores do capitão reformado para a Presidência.
Não há irregularidade se a ação é voluntária e se as pessoas que estão nos grupos são adicionadas com consentimento.
Entre as mensagens compartilhadas, há um vídeo em que Fernando Haddad (PT) sai de uma Ferrrari. Uma mensagem diz que o carro seria do ex-prefeito de São Paulo. A informação é falsa. A imagem foi feita na inauguração do autódromo de Interlagos, em 2016, quando Haddad era prefeito.
Do outro lado do espectro político, proliferam grupos pró-Haddad, sobre os quais eleitores dizem que foram adicionados sem permissão.
Os nomes dos grupos contêm a frase “Defesa Democracia”. “Somos defensores da democracia e de Haddad presidente. Você foi inserido aqui porque seu nome consta como filiado ao PT no TSE. Se você não é filiado, simpatizante ou mesmo defensor da democracia, desculpe-nos”, diz a mensagem de boas vindas aos integrantes, que termina com o link do site oficial da campanha petista.
O PT afirma que os grupos não foram criados por qualquer pessoa ligada ao partido e avalia que eles podem ser uma “arapuca” para a esquerda.
No começo de outubro, o Facebook, empresa que também é dona do WhatsApp, removeu 11 páginas e 42 perfis administrados pela empresa de marketing digital Follow Análises Estratégicas, ligada ao deputado federal Miguel Corrêa (PT-MG).
A Follow é a mesma empresa que contratou a agência Lajoy, que recrutou influenciadores digitais que disseram, em agosto de 2018, terem sido pagos para falar bem de candidatos do PT no Twitter.
Em julho de 2018, em ação semelhante, o Facebook removeu uma rede de 196 páginas e 87 perfis falsos ligados ao MBL (Movimento Brasil Livre).