FOLHAPRESS
A campanha do candidato ao Governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou ter presenciado um tiroteio durante agenda na manhã desta segunda (17) em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo.
De acordo com a equipe do candidato, não houve feridos entre os integrantes da comitiva. A Polícia Militar foi acionada, mas não confirmou os disparos.
Tarcísio estava em Paraisópolis para inaugurar um polo universitário na favela. Segundo ele, a "equipe foi atacada por criminosos". "Nossa equipe de segurança foi reforçada rapidamente com atuação brilhante da Polícia Militar", escreveu o candidato em sua página no Twitter.
De acordo com o fundador do polo universitário, Wallace Rodrigues, o prédio onde o candidato estava não foi atingido por tiros. "Ouvimos disparos do lado de fora do prédio. Foram disparos para o alto de opositores políticos do Tarcísio", disse Rodrigues.
Os tiros foram ouvidos no momento em que o fundador iria fazer um discurso. Tarcísio foi orientado por seguranças a deixar o local, desceu os três lances de escada do prédio, entrou na van e foi embora. O veículo, que é blindado, deixou o local em alta velocidade.
O agente licenciado da Polícia Federal e que acompanha Tarcísio, Danilo Campetti, pediu que todos se deitassem no chão. Campetti, inclusive, estava armado.
A reportagem acionou a SSP (Secretaria de Segurança Pública), às 12h11, para saber detalhes da ocorrência, e ainda não obteve retorno.
O atual governador Rodrigo Garcia (PSDB) disse, em nota, que determinou investigação imediata do ocorrido. "Tarcísio de Freitas e ele e sua equipe estão bem. A Polícia Militar agiu rápido e garantiu a segurança de todos. Determinei a imediata investigação do ocorrido", afirma a nota.
Adversário de Tarcísio, Fernando Haddad (PT) participava de uma caminhada em São Mateus, zona leste, quando foi avisado pela imprensa da troca de tiros. "Não tenho o menor conhecimento disso", disse.
"Estou fazendo uma campanha de paz e muito respeitosa. [...] Eu repudio toda e qualquer forma de violência", completou, sem comentar o episódio especificamente por não ter informações sobre o ocorrido.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) comentou o episódio durante pronunciamento no Paládio do Alvorada nesta segunda. Disse não ter informações sobre a origem da violência, mas relembrou os tiros disparados contra uma igreja em que a primeira-dama Michelle Bolsonaro estaria e acrescentou que "isto está acontecendo e a gente lamenta".
"Recebi um telefonema do Tarcísio, algumas imagens também. Tudo é preliminar ainda, eu não quero me antecipar, se foi uma ação contra a equipe dele, se foi uma ação isolada, se algum conflito já estava havendo por haver na região. Então seria prematuro eu falar sobre isso", afirmou, durante evento na qual recebeu o apoio do ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio e do ex-senador Agripino Maia.
Bolsonaro na sequência afirmou que o episódio dos tiros contra a igreja em que Michelle estaria foi claramente uma questão política. "O que eu sei foi que há poucos dias uma ação de dois tiros em uma igreja onde a primeira-dama se faria presente. O elemento foi preso, confessou ser do Comando Vermelho e que os dois tiros foram para intimidar e evitar que muita gente comparecesse a esse evento da primeira-dama com a senhora Damares [Alves]", afirmou.
"Isso está acontecendo, a gente lamenta. Um caso já comprovado que tem a ver com questão política, o caso Tarcísio ainda não", completou. Bolsonaro disse ainda não saber se Tarcísio vai requerer reforço em sua segurança, mas que o episódio desta segunda-feira é um "sinal que ele deve se preocupar mais".
No final de semana circulou nas redes sociais um vídeo no qual o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, afirma que alguém estaria sendo ameaçado e, por isso, não compareceria aos debates passou a ser compartilhado pelo WhatsApp.
A peça, no entanto, é de 2018 e não cita o nome de Tarcísio, que não concorreu naquela eleição. Na ocasião, Heleno se referia ao então candidato Jair Bolsonaro, que concorria à Presidência da República diante de Fernando Haddad (PT).
"O [não] comparecimento ao debate no qual muita gente vinculado ao medo de sair e debater com Haddad é porque está realmente ameaçado. É um atentado terrorista onde tem uma organização criminosa, que não vou citar o nome, envolvida. Isso é comprovado por mensagens, escutas telefônicas", disse Heleno.
A Folha de S.Paulo mostrou na quinta que Tarcísio optou estrategicamente desistiu de participar de debates e entrevistas durante o segundo turno das eleições. Na avaliação da campanha de Tarcísio, os debates e as sabatinas terão menor força na hora de virar votos e, nesta reta final do segundo turno, o candidato deverá investir em comícios e caminhadas na capital e no interior paulista.