O novo secretário municipal de Educação, André Gomes, que assumiu a pasta na semana passada, no lugar de Mário Bastos, compareceu à Câmara Municipal durante a sessão ordinária dessa terça-feira (11) quando usou a tribuna, com a anuência do plenário, para se apresentar e falar de seus projetos à frente da educação do município.
Jornalista, professor e escritor, André Gomes, autor de diversos livros, é pós-graduado em Gestão Estratégica da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP) e professor da Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação (Esamc), em Sorocaba.
“Nosso principal desafio é estabelecer um novo diálogo com a rede municipal de ensino. Temos metas simples e diretas a cumprir, como melhorar o ambiente de trabalho na escola e aumentar progressivamente a aprendizagem de nossos alunos”, afirmou o secretário, que já realizou a primeira reunião geral com todos os diretores da rede e disse que terá uma agenda de pequenas reuniões por área. “As pessoas esperam um ensino público de qualidade, que se iguale à rede particular. Contamos, para isso, com o apoio e a ajuda dos vereadores”, enfatizou.
O vereador Luis Santos (Pros) disse que vai acompanhar o trabalho do novo secretário e defendeu que a Rede Municipal de Educação se atenha, de fato, ao ensino e não continue sendo bombardeada por “ideologias aberrantes” que considera nefastas. O vereador Irineu Toledo (PRB) disse que o poder público municipal tem sido alvo de muitas posições contrárias e que “o povo está cansado e aflito”, à espera de soluções, fazendo votos de que isso ocorra na gestão do novo secretário. Já o vereador Wanderley Diogo (PRP) pediu que o secretário olhe com bons olhos a rede pública e estabeleça um diálogo com os professores e com o sindicato.
“Apostilamento do ensino”
A vereadora Iara Bernardi (PT) ressaltou que o diálogo não pode ser uma via de mão única e que a administração precisa ouvir a rede. E criticou a proposta de “apostilamento” da educação, por meio da compra, por parte do poder público, das apostilas do Sistema Sesi. “O senhor usa um nome bonito [“gestão compartilhada”] para se referir à entrega das escolas para a iniciativa privada. Mas a Prefeitura não tem recurso sobrando para fazer apostilamento da educação. Queremos que os concursados sejam chamados”, enfatizou.
O vereador João Donizeti Silvestre (PSDB) afirmou que o país vive uma crise muito grande e que a educação representa um enorme desafio. “O poder público tem recursos limitados e há uma demanda muito grande por construção de escolas e creches. Não sei se a Prefeitura tem capacidade financeira para contratar todos os professores via concurso público, mas é preciso que essa questão seja colocada de modo transparente e discutida com toda a sociedade, ouvindo a Câmara, como o senhor está fazendo, ouvindo o Conselho Municipal de Educação”, disse o vereador, ressaltando que o “ensino público é um conceito filosófico que não pode ser quebrado e, sim, valorizado”.
O vereador Hélio Brasileiro (MDB) disse ter ouvido boas referências do novo secretário, sobretudo quanto ao empenho e à honestidade no trato com a coisa pública e enfatizou que a educação é fundamental para o desenvolvimento. Já a vereadora Fernanda Garcia (PSOL) criticou a falta de material para trabalhos pedagógicos, o que, segundo ela, obriga muitos pais que atuam nas Associações de Pais e Mestres a custearem esse material do próprio bolso. A parlamentar também criticou a compra de apostilas do Sesc, sem que haja um diálogo prévio com os professores da rede para saber o que eles pensam a respeito desse material. “É triste que a atual administração não tenha projeto de educação de longo prazo”, destacou.
O vereador Anselmo Neto (PSDB) comentou as mudanças no projeto sobre gestores pedagógicos, que tramita na Casa, enquanto o vereador Vitão do Cachorrão (MDB) conclamou o secretário a ouvir o sindicato e defendeu que os professores tenham direito a comer a merenda junto com os alunos. Silvano Júnior (PV) e Fausto Peres (Podemos) também se pronunciaram, desejando sucesso ao secretário.
André Gomes, por sua vez, disse que “a rede municipal de ensino é um verdadeiro tesouro”, afirmou que a administração do prefeito José Crespo tem um plano para o ensino público e defendeu a gestão compartilhada das escolas, acrescentando que o ensino do Sistema Sesi é “reconhecidamente bom”. “Queremos um ensino de qualidade para todos os nossos alunos. No próximo ano, teremos novas unidades de ensino e a Prefeitura não tem dinheiro para mantê-las. Precisamos escolher, juntos, as melhores organizações sociais por meio da gestão compartilhada. Creio que isso está para muito além das nossas diferenças de convicções ideológicas”, afirmou.