Raquel Lopes e Mateus Vargas, Folhapress
O Ministério da Saúde reduziu a idade de crianças que podem receber a vacina contra a gripe em 2022. Agora o público será limitado aos que não tenham ainda completado 5 anos. Até 2021, a vacina vinha sendo aplicada em crianças com menos de 6 anos.
Nos bastidores, técnicos afirmaram que, para a operação ser mais efetiva, é preciso emparelhar a idade alvo com a da vacinação do sarampo, que sofre com a falta de seringas e irá ocorrer junto com a da gripe.
A pasta anunciou na segunda-feira (15) que a vacinação contra a gripe começará no dia 4 de abril. Serão distribuídas 80 milhões de doses da vacina influenza para todo o país.
A Campanha Nacional contra o Sarampo ocorrerá simultaneamente com a Campanha Nacional contra a Influenza neste ano.
No momento, há falta de seringas para ampliar a vacina do sarampo para 5 anos ou mais. As seringas utilizadas nas duas campanhas, a de sarampo e a de gripe, são de modelos diferentes.
A pasta diz, nos bastidores, que a operação de vacinação será mais efetiva com a idade igual para ambas as vacinas.
Caso não mudasse o público-alvo, poderia haver confusão na operacionalização das campanhas, na opinião dos técnicos. Uma criança de cinco anos, por exemplo, teria a vacina da gripe aplicada e a do sarampo, não. Já outras crianças com menos de 5 anos receberiam os dois imunizantes.
As duas campanhas devem ampliar a faixa etária da vacinação ainda neste ano, quando a situação das seringas estiver regularizada, afirmam também técnicos.
No ano passado não houve campanha de vacinação específica do sarampo. A vacina entrou na Campanha Nacional de Multivacinação, que ocorreu de 1º a 29 de outubro de 2021.
O Ministério da Saúde disse, por meio de nota, que a medida de fazer a campanha de forma simultânea tem como objetivo oferecer a vacinação contra as duas doenças e ampliar a cobertura vacinal. "Ambas as campanhas serão focadas em crianças de seis meses a menores de cinco anos de idade, visando otimizar questões operacionais dos serviços de vacinação nos estados e municípios e reduzir o risco de complicações e óbitos para a influenza nesta faixa etária", disse a pasta em nota.
Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), disse que não há nenhuma razão técnica para a decisão. "Não há recomendação científica para isso. Ainda mais as crianças que têm mais doenças, muitas vezes são porta de entrada do vírus na família e ajudam na cadeia de transmissão", destacou.
A campanha da gripe no país acontecerá em duas etapas. A primeira, que ocorre de 4 de abril a 2 de maio, irá contemplar idosos com 60 anos ou mais e trabalhadores de saúde. Outros grupos receberão a vacina na segunda etapa, que ocorrerá de 3 de maio a 3 de junho.
O dia D de mobilização nacional está previsto para o dia 30 de abril. A previsão é que a campanha termine no dia 3 de junho.
A vacina influenza trivalente utilizada pelo SUS é produzida pelo Instituto Butantan. Ela é composta pelos vírus H1N1, a cepa B e o H3N2, do subtipo Darwin. Esse subtipo foi o responsável pela epidemia de gripe fora de época que atingiu São Paulo, Rio de Janeiro e outros estados no fim de 2021 e início de 2022.
O Instituto Butantan disse, em nota, que já entregou 2 milhões de doses para o Ministério da Saúde em fevereiro deste ano. A previsão é que entregue 40 milhões no fim de março e os outros 40 milhões até final de abril.