FOLHAPRESS
O ex-deputado federal Jean Wyllys (PT) disse, em entrevista à revista Carta Capital publicada nesta segunda-feira (18), que volta ao Brasil caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença a eleição deste ano.
"O Lula vencendo, eu volto porque eu vou fazer parte da reconstrução. O Lula vai precisar de muitos braços, inclusive no Parlamento. Eu espero que sejam eleitos muitos deputados e muitas deputadas de esquerda, centro-esquerda e da direita civilizada", afirmou.
Em janeiro de 2019, o jornalista desistiu do mandato de deputado federal -eleito à época pelo PSOL- em meio a ameaças de morte. Atualmente, Wyllys mora em Barcelona, na Espanha.
"Então, pelo amor de Deus, figuras do naipe de Arthur Lira [presidente da Câmara] não podem ser reeleitas, sobretudo depois do papel que ele desempenhou nessa ruína. O Lula vai precisar de pessoas como eu e de gente que está disposta a reconstruir o país, cada um no seu papel", disse o ex-deputado.
"Para mim, foi muito importante esse tempo fora do Brasil. Eu me protegi dessa violência, porque, sim, alguma coisa se passaria comigo, eu tenho certeza disso, por tudo o que eu vivi, as ameaças que eu sofri e por todo o protagonismo que eu tive em um primeiro momento contra a figura do Bolsonaro", acrescentou.
A tensão entre Jean Wyllys e o presidente Jair Bolsonaro (PL) se deu em diversos capítulos, mas o auge foi no dia da votação do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT).
Bolsonaro votou favoravelmente à saída de Dilma, mas saudou o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, responsável por diversas torturas durante a ditadura militar, incluindo a da própria ex-presidente.
Depois de votar de forma contrária ao impeachment, com discurso enfático, Jean Wyllys cuspiu na direção do rival. Ele atribuiu o fato a supostas ofensas que Jair Bolsonaro dirigia a ele e a alguém o ter segurado pelo braço.
Durante a entrevista, o ex-deputado também disse que o bolsonarismo não deve desaparecer, mesmo em uma eventual derrota de Bolsonaro. "Não vai desaparecer, porque o bolsonarismo, o trumpismo nos Estados Unidos e o franquismo na Espanha são variantes do fascismo, que existia antes mesmo de ganhar esse nome. Como diz o Umberto Eco, esse fascismo é eterno".