João Gabriel, da Folhapress
Enquanto se aproxima da data limite para anunciar (ou não) a volta às aulas, o estado de São Paulo vem registrando queda no número de mortes pelo novo coronavírus. Segundo dados divulgados pelo governador João Doria (PSDB) nesta segunda-feira (3), foram 1.870 mortes na semana entre 19 e 25 de julho, contra 1.719 da mais recente –151 a menos, ou 8%. Além disso, o número de internações, no mesmo período, caiu de 12.874 para 12.551 (2,5%).
Doria ainda afirmou que na próxima sexta-feira (7) a coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes terá a presença do secretário de educação, Rossieli Soares, para tratar sobre o calendário escolar.
A data marca o limite para que o estado possa cumprir a previsão inicial de retomar as atividades escolares presenciais no dia 8 de setembro.
Para que isso seja possível, 80% do estado precisa estar na fase amarela do plano de flexibilização da quarentena 28 dias antes da retomada escolar, ou seja, na terça-feira (11). No entanto, as reclassificações das regiões pelo Plano SP acontecem, salvo excepcionalidades, às sextas.
Esse percentual ainda precisa crescer para 100% até o dia 21 de agosto para que a volta às aulas seja autorizada. Segundo Soares, na última quinzena avaliada, "hoje está próximo de 68%, 70%".
Mesmo assim, a expectativa é de que, mesmo com a autorização do governo estadual, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), espere mais duas semanas antes de retomar as atividades da rede municipal de ensino.
Isso acontece porque o inquérito sorológico realizado pela prefeitura aponta alto número de casos de coronavírus entre idosos. A avaliação da área da saúde é de que as crianças, muitas das quais convivem com avós, trazem riscos aos mais velhos.
À exemplo do que aconteceu com outros setores, a gestão municipal deve ser mais rígida que o estado nas suas decisões –conforme entende o STF (Supremo Tribunal Federal), as prefeituras têm autonomia para aderir ou não às orientações do governo.
Segundo o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, São Paulo chegou a 1,788 milhão de testes realizados, correspondendo a 25% de todos os testes feitos no Brasil.
"No interior, tivemos quedas de 1% nas internações e de 5% de mortes, já sugerindo que o interior possa, também, assim como a capital, estar saindo do platô", disse Gorinchteyn.
Ele disse ainda que a região metropolitana de São Paulo teve quedas de 2% em internações e de 29% em óbitos.
"Hoje, o interior representa 57% dos óbitos ainda no estado de São Paulo, mas com esse início de queda registrada", afirmou o secretário do Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi. Segundo ele, a taxa de letalidade do vírus, que foi de 8% em abril, chegou agora a 4,2%.
Atualmente, além da capital e da região metropolitana de São Paulo, apenas a Baixada Santista e Araraquara estão na fase amarela. Todo o restantes está nas fases laranja ou vermelha.
Enquanto isso, as atividades escolares vem acontecendo à distância, o que vem causando prejuízo ao ensino uma vez que diversas famílias vivem em condições precárias de acesso à internet e às tecnologias necessárias (como computador e celular) para participar das atividades virtuais.
"Com o retorno é que nós vamos poder avaliar exatamente o que os nossos alunos aprenderam ou deixaram de aprender com o ensino remoto, com as condições diferenciadas que cada um teve em sua casa", afirmou Raquel Teixeira.
Ex-secretária de educação do Goiás, ela foi anunciada como nova coordenadora da Efap, a Escola de Formação de Professores do estado.
Recentemente a Câmara dos Vereadores da capital paulista aprovou, em primeira votação, o retorno das atividades escolares presenciais, mas ainda sem data prevista. O texto precisa passar ainda por uma segunda rodada de votação e pode sofrer alterações antes de ir à sanção de Covas.
A proposta, que foi enviada pela gestão municipal, prevê que os alunos terão aprovação automática no ano letivo de 2020 e que uma parcela dos estudantes terá ensino em tempo integral como maneira de recuperar o conteúdo perdido.
Também autoriza a prefeitura a comprar vagas em instituições privadas de ensino, inclusive as que têm fins lucrativos, para suprir a alta da demanda nas escolas municipais e a contratar emergencialmente profissionais para suprir o possível afastamento de funcionários e professores.
Há ainda uma emenda, que acompanha a posição do Conselho Nacional de Educação, que permite aos pais escolher se seus filhos irão voltar ou não às escolas.
Além disso, o governo do estado de São Paulo também anunciou o novo currículo do ensino médio, que começará a ser aplicado em 2021.
Conforme antecipou o jornal Folha de S.Paulo, o novo programa escolar prevê 12 opções de cursos além do currículo básico obrigatório. A intenção é de que o estudante possa escolher complementar seu ensino conforme as matérias com as quais mais se identifica.
Serão 1.800 horas de formação geral básica, somadas com 1.350 horas do chamado "itinerário formativo", as novas alternativas de aulas. Com isso, o governo espera conter uma evasão escolar catastrófica pós-pandemia.
Segundo Soares, o novo currículo atende uma demanda dos estudantes e professores.
Soares afirmou que, em pesquisa feita na rede de ensino estadual, 75% dos alunos desejam um currículo mais voltado às disciplinas profissionalizantes e 87% gostariam de receber orientação para descobrir sua vocação. Nesta mesma pesquisa, 85% dos professores acham que a mudança é importante.