Reabilitação cardiorrespiratória
Os resultados se mostraram promissores, uma vez que “a paciente apresentou melhora em sua aptidão aeróbia (habilidade de fornecer oxigênio aos músculos e de utilizá-lo para gerar energia durante os exercícios) e eficiência de captação de oxigênio”, diz o pesquisador.
Antes do início da intervenção, a paciente apresentava prejuízo grave em sua capacidade funcional, com valores de consumo de oxigênio (VO2 – parâmetro utilizado para se avaliar a capacidade cardiorrespiratória e investigar problemas de saúde como as cardiopatias) bastante inferiores aos previstos para sua idade. Após dez semanas de treinos, foram observados aumentos no VO2 da paciente de praticamente 50%: de 10,61 para 15,38 mililitros por quilograma por minuto (ml/kg/min).
Além de melhorar a capacidade respiratória, a paciente também teve aumentada sua resistência ao esforço, ou seja, o tempo em que ela conseguia permanecer em exercício durante um teste específico: evoluindo de 5,5 minutos (330 segundos) para 8,5 minutos (510 segundos ), relata o artigo.
Quanto à avaliação de força e funcionalidade, também houve expressivas melhoras. Na avaliação feita antes e pós-treino, a força de preensão manual (avaliação que estima a força total do corpo a partir da capacidade de preensão com as mãos, simulando apertar um objeto) aumentou de 22 para 27 quilos; o desempenho do teste de sentar e levantar (que mede a força muscular dos membros inferiores e simula a tarefa de levantar-se e sentar-se repetidas vezes em uma cadeira ao longo de 30 segundos) aumentou de 14 para 16 repetições.
Por fim, de todos os sintomas pós-covid relatados pela paciente no momento da alta hospitalar, como fadiga, falta de ar, fraqueza, mialgia, dor nas articulações, parestesia (sensação de dormência ou formigamento de alguma parte do corpo), tontura, ansiedade e depressão, somente a ansiedade permaneceu após a intervenção.
O estudo foi realizado pelo Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição da EEFE/FMUSP, envolvendo pesquisadores da FMUSP (Igor Longobardi Amin, Bruno Gualano, Danieli Castro Oliveira de Andrade, Karla Goessler, Gersiel de Oliveira Júnior, Matheus Meletti, Danilo Marcelo Leite do Prado, Ítalo Lemes, Jhonnatan Santos) e da EEFE (Kamila Meireles, Alice Erwig Leitão, Fabiula Novelli) sob coordenação do professor Hamilton Roschel.