Algum dia você já ouviu seu (sua) colega dizer assim… “meu Deus vou sair de férias, será que quando eu voltar vou ter ainda meu emprego?” Será que essa preocupação realmente acontece?
“Em tempos de crise econômica, isso até tem um certo sentido. As pessoas de fato ficam receosas quanto ao próprio sustento. Mas não é só essa a razão do medo. Há outras circunstâncias de situações”, comenta Susi Berbel, consultora em cultura organizacional e desenvolvimento humano e coach.
Segundo ela, o trabalho tem, no mundo contemporâneo, um peso muito grande na vida das pessoas. “Elas mudam de cidade por conta do trabalho, definem onde moram por conta da localização da empresa, enfim, o trabalho acaba por ser a questão central na vida de muitas pessoas. Esse peso é muito maior do que o financeiro: é também psicológico”, diz Susi.
Susi afirma que, normalmente, as pessoas têm medo de perder o emprego nas seguintes situações:
• Mudança de gestor
• Nova estruturação na organização.
• Nova formação da equipe de trabalho.
• Quando há certa desatualização quanto à conhecimento e desenvolvimento de competências
• Exigências de mercado
“O medo vem quando há uma mudança – pequena ou grande – no contexto no qual a pessoa está acostumada, quando obriga o colaborador a sair da sua zona de conforto”, comenta Susi.
A consultora afirma que o medo em si não é algo negativo; ao contrário, ele se apresenta como um alerta, um sinal de que algo é necessário ser feito. Já o que fazemos com o medo, no entanto, pode ser o problema.
“Algumas pessoas se fecham, se esconde, paralisam. Resolver qualquer questão com essa postura é praticamente impossível. Outras pessoas se tornam agressivas, impulsivas, o que também agrava a situação.
No entanto, há pessoas que enfrentam o medo, se adaptam, buscam novas alternativas e… evoluem”, garante.
E as férias?
“Não posso dizer que isso se apresenta como um padrão, mas de fato há sim pessoas que não querem deixar nenhum espaço para ‘concorrentes’, assim mesmo, entre aspas. Isso é completamente nocivo para a própria carreira. Para começar, todos precisam de um período de descanso, é fato! Saia de férias, recupere sua energia, resgate seu astral.E depois… esse medo se revela como uma grande insegurança em relação a sua própria capacidade profissional. O que é que você precisa para acalmar seu medo: ser um profissional com performance de excelência? Estudar mais? Trabalhar mais? Se comunicar de forma mais assertiva? Entender melhor o negócio?”, afirma. “Em minhas sessões de coaching com executivos, discutimos essas questões. Não se compare aos outros. Tenha exemplos, referências, mas concentre-se em você. Se você está aquém das exigências e necessidades de seu cargo ou empresa, não coloque a responsabilidade em outra pessoa a não ser em você mesmo! Mexa-se! O que acontece na prática, é que esse tipo de profissional, que não permite que os outros se destaquem, comete um grande erro que impacta drasticamente em sua carreira. Hoje as pessoas que se destacam são aquelas que promovem o desenvolvimento da equipe como um todo, que colaboram com os outros, não as que escondem o ‘jogo’”, afirma.
Colaboração é a solução, reforça Susi. “Se você quiser se destacar, ajude os outros a crescerem. Se você é uma dessas pessoas que quer crescer, mexa-se!
Há um velho ditado corporativo que diz que se o líder sair de férias e ninguém perceber sua ausência é porque ele fez um bom trabalho desenvolvendo as pessoas. O líder que faz isso é necessário não para a operacionalização das atividades, mas pela gestão estratégica do negócio”, comenta.
Sentir ameaçada
Como a pessoa que se sente “ameaçada” costuma agir?
“Costuma, normalmente, se submeter ao medo. Esconde informações, faz comentários nocivos, rebaixa as outras pessoas ou simplesmente se fecha. Paralisa. Nada disso é bom para ela ou para a empresa. A pessoa que age assim se diminui frente aos colegas, perde a confiança da equipe e praticamente se exclui das possibilidades de crescimento. A empresa precisa de pessoas colaborativas. Hoje em dia ninguém trabalha sozinho”, afirma Susi.
“Para mudar, é preciso encarar o medo, ser resiliente às frustrações.Autoconhecimento é fundamental. Procure fazer uma terapia ou coaching. Se não der, leia bons livros que possam lhe guiar no sentido de se conhecer. Assista bons filmes, converse com amigos sobre isso. Mas esteja disposto a ouvir. Estude, se enturme, participe de associações… exponha-se. Não deixe que esse medo lhe paralise. Hoje em dia não dá para saber tudo, entender de tudo, fazer tudo sozinho. Aceite limitações, promova seu auto desenvolvimento, mas acima de tudo, compartilhe.
Um ponto para mim muito importante é que a pessoa deve analisar se essa ameaça é real ou imaginária. Maturidade emocional nesse momento é muito importante. Enfrentar frustrações também”, conclui.