Mônica Bergamo, FOLHAPRESS
A embaixada da Venezuela em Brasília foi invadida nesta manhã por um grupo de 20 simpatizantes de Juan Guaidó, o autoproclamado presidente da Venezuela.
De acordo com relatos, eles pularam o muro e ocuparam as instalações.
O grupo nega e diz que entrou no local pacificamente, com autorização de funcionários que haveriam "desertado" e abriram os portões.
A PM foi acionada, mas não retirou as pessoas da representação diplomática: como se trata de território estrangeiro, ela não poderia atuar dentro da casa.
O encarregado de negócios do país no Brasil, Freddy Meregote, disparou áudios para parlamentares e lideranças de movimentos sociais para que saíssem em seu socorro.
"Companheiros, informo que pessoas estranhas às nossas instalações estão entrando [na embaixada], estão violentando o território venezuelano. Necessitamos ajuda e uma ativação imediata de todos os movimentos sociais e partidos políticos", afirmou Meregote em sua mensagem.
O encarregado de negócios nega que funcionários da própria embaixada tenham permitido a entrada do grupo por já não reconhecerem o governo de Nicolás Maduro. "Todos os funcionários da embaixada reconhecem Maduro como presidente legítimo da Venezuela. Não houve isso", afirmou ele à coluna.
Num comunicado, a advogada María Teresa Belandria Expósito, indicada por Guaidó como embaixadora do Brasil e reconhecida pelo presidente Jair Bolsonaro, diz que "um grupo de funcionários da embaixada da Venezuela no Brasil se comunicou conosco para nos informar que reconhecem o presidente Juan Guaidó".
Eles teriam então aberto as portas para entregar "voluntariamente a sede diplomática à representação legitimamente reconhecida no Brasil".
Expósito afirma ainda que a ação "foi comunicada imediatamente ao Ministério das Relações Exteriores".
O encarregado de negócios indicado por Maduro diz que famílias com crianças estão dentro das instalações, sendo "assediadas" pelos manifestantes.
Já a advogada afirma que os funcionários estão sendo apenas convidados para "incorporar-se ao trabalho da embaixada", com todos os "direitos trabalhistas garantidos".
Um grupo de deputados, liderados pelo petista Paulo Pimenta (PT-RS), foi à embaixada logo cedo para tentar expulsar os invasores.
A Venezuela não tem embaixador no Brasil desde 2016, quando Nicolás Maduro chamou o então representante de seu governo em Brasília de volta a Caracas em protesto contra o impeachment de Dilma Rousseff.
Neste ano, o governo de Jair Bolsonaro reconheceu Guaidó como presidente da Venezuela. Ele então recebeu a carta credencial da advogada venezuelana María Teresa Belandria Expósito, nomeada representante da Venezuela no Brasil por Guaidó.