Por Vanderlei Testa
No dia 18 de maio de 2013 escrevi um artigo no Jornal Ipanema com o título “São Bento revive a alegria do futebol em Sorocaba”. Contava na época sobre um jogo que assisti pela televisão quando o São Bento marcou o gol de empate com o Sertãozinho e garantiu o acesso à Série A 2.
Revivia naquele dia em minhas reflexões às lembranças das torcidas no campo “Humberto Reale” e o acesso à primeira divisão do futebol paulista. Havia um amor pelo time azulão que envolvia a “espanholada” aos domingos no bar do Melo na esquina da rua Cel. Nogueira Padilha.
Passei anos de minha vida assistindo o primo Nestor Trevisan jogando no São Bento. Meu pai foi um dos torcedores do São Bento que mais impressionou a minha juventude em futebol. Era um apaixonado a ponto de passar todos os dias no campo para ajudar no que fosse preciso.
Como soldador na Estrada de Ferro Sorocabana em uma de suas experiências profissionais, usou desse aprendizado para soldar as primeiras torres de iluminação e, tudo gratuitamente. Um dia ele me colocou na “peneira” da molecada que o Mickey iria testar. Isso já faz umas cinco décadas. Foi na ocasião que aprendi com esse jogador o que o verdadeiro futebol exige dos atletas.
Mickey foi um exemplo na conduta e nas orientações éticas aos jovens. Sai admirando o jogador que apenas via nas partidas entre outros dez atletas. Como sorocabano que nasceu e foi criado com a camisa azul do Bentão em casa, posso afirmar que a despedida do Mickey aos 93 anos de idade como um marco do esporte de Sorocaba, é um fato merecedor das melhores homenagens públicas.
As inúmeras manifestações dos amigos, atletas, em redes sociais, na imprensa, velório e despedida de mãos dadas em oração à alma do inesquecível companheiro, desde os campos da várzea, CA Votorantim e CA Ituano, até o profissionalismo, foi marcante e emocionante.
Em um jogo de futebol sempre tem o apito final encerrando a partida. No caso do Mickey, o apito final de sua jogada de vida terá o som desta vez, das cornetas dos anjos anunciando no estádio celeste da Arena do Céu, a chegada do craque no time de Julião, Nego, Bazaninho, Picolé, Nestor, Paulo Roberto Carbone e tantos outros.
Na torcida aplaudindo, Luiz Gomes, Rivaldo Costa, meu pai Ernesto Testa, Nhô Juca, João Pensa, Bino e uma multidão de são-bentistas empunhando a bandeira Raça Azul, paixão eterna.
Um jogão, Ângelo Rômulo Rêmulo Lava, o Mickey, que agora faz suas jogadas no azulão lá de cima.
Vanderlei Testa é jornalista e publicitário
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