Rafael Balago, da Folhapress
O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva se recusou a comentar as declarações sobre ele publicadas no novo livro do ex-presidente dos EUA Barack Obama.
Lula foi procurado pela reportagem por meio de seu instituto. A resposta, recebida via assessoria de imprensa, foi a de que o ex-presidente não vai comentar o caso.
Em um trecho de "Uma Terra Prometida", lançado nesta terça (17), Obama faz comentários sobre Lula: "O presidente brasileiro, por exemplo, Luiz Inácio Lula da Silva, tinha visitado o Salão Oval em março, causando boa impressão. Ex-líder sindical grisalho e cativante, com uma passagem pela prisão por protestar contra o governo militar, e eleito em 2002, tinha iniciado uma série de reformas pragmáticas que fizeram as taxas de crescimento do Brasil dispararem, ampliando sua classe média e assegurando moradia e educação para milhões de cidadãos mais pobres. Constava também que tinha os escrúpulos de um chefão do Tammany Hall, e circulavam boatos de clientelismo governamental, negócios por baixo do pano e propinas na casa dos bilhões", escreve o ex-presidente americano.
O Tammany Hall citado por Obama na passagem sobre o brasileiro é uma organização política fundada no fim do século 18 e associada a corrupção e abuso do poder de meados do século 19 até o início do século 20 em Nova York, com forte influência no braço local do Partido Democrata.
Lula, que presidiu o Brasil entre 2003 e 2010, é réu em vários processos sob acusação de corrupção. Ele foi preso em abril de 2018 e ficou 580 dias detido em Curitiba. Foi solto após o Superior Tribunal Federal determinar que a prisão de acusados só pode ocorrer após todos os recursos judiciais se esgotarem.
O petista foi condenado sob a acusação de receber um tríplex no Guarujá como propina paga pela OAS em troca de um contrato com a Petrobras, o que ele sempre negou. O caso ainda tem recursos pendentes.
Além do caso tríplex, Lula foi condenado em primeira instância a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção e lavagem no caso do sítio de Atibaia (SP). O ex-presidente ainda é réu em outros processos na Justiça Federal em São Paulo, Curitiba e Brasília.