29 de Abril de 2024
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A foliã, professora Maria Gambarcotta, casou com o folião José Martinez - veja a coluna de Vanderlei Testa

Arte: VT / Fotos: Vanderlei Testa/álbum de família
Postado em: 27/04/2023

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Elegante e, com o dom de falar bonito, a professora aposentada Maria Apparecida Gambarcotta Martinez lecionou durante 26 anos em Votorantim e cinco anos, em Sorocaba. Outras cidades, como Boituva e Sarapui, fizeram parte na missão de educadora da professora "dona Cida". Ela nasceu em 1931, na casa da tradicional família sorocabana Gambarcotta, da rua Moreira Cesar. Filha de Mariana Mastrandea Gambarcotta e Eduardo Utten Gambarcotta, Maria, quando criança, foi estudar o primário no ‘Grupo Escolar Antônio Padilha’. Além de participar das aulas, ela ficava olhando com admiração às professoras que a ensinavam. Na cabecinha da menina Maria Apparecida, aprender, sonhar em ser como as professoras era uma questão de tempo. Foi assim que seguiu estudando no ginasial até conquistar o diploma de professora no curso Normal do "Instituto de Educação Julio Prestes de Albuquerque" (Estadão).

 

A história da jovem Maria Apparecida teve uma mudança radical nos seus 15 anos de idade. Naquela época do carnaval de 1946, o Clube Independência concentrava a juventude para os bailes. Hoje o terreno do clube é ocupado por uma padaria no final da rua da Penha. Conversei com a professora dona Cida sobre esse período da sua vida. Ela, com 91 anos, cabelos e sobrancelhas caprichadas em salão, colar no pescoço com um crucifixo manifestando a sua fé, olhar brilhante e entusiasmada, contou dos bailes de carnaval no Clube Independência, onde as moças e moços se divertiam e buscavam encontrar um namorado. Depois dos chamados “flertes” daquela época, o jovem José Martinez, se encantou pela beleza da Maria Apparecida.

 

As músicas de carnaval nos anos quarenta entoavam as marchinhas "Ô, abre alas", de Chiquinha Gonçalves, "Mamãe eu quero", de Vicente Paiva e Jararaca, "Aurora", de Mário Lago e Roberto Ruberti. Elas são algumas das canções que animavam as centenas de foliões.  Foi numa dessas melodias que o namoro alegrou o coração da foliã Maria e o folião José. Ele trabalhava no Armazém da Paca (uma banca no Mercado que tinha o nome da dona do negócio de cereais, Francisca Alquezar, chamada carinhosamente de dona Paca). O Martinez vendia feijão, arroz, farinha, batata, ovos, cebola e tudo o que uma dona de casa precisava para preparar as refeições da família.

 

Depois do namoro e aprovação das famílias Gambarcotta e Martinez, a decisão do casamento de Maria, com 18 anos e, do José, com 25 anos, aconteceu no Cartório Civil em 26 de janeiro de 1957 e, na Igreja católica, dia 27. Esses atos solenes selaram com amor o sim do casal no altar, com as bênçãos do sacerdote.

 

José Martinez foi um jovem que aprendeu na banca da dona Paca a ser comerciante. Graças ao negócio de cereais, ele se tornou anos depois, proprietário da "Banca do Martinez". Uma das mais conhecidas em Sorocaba. Com as condições financeiras melhoradas com as suas vendas e da sua esposa, recebendo salário, como professora, eles puderam aumentar os rendimentos. A professora Maria ainda adaptou um quarto da sua casa em sala de aula. Tinha uma lousa, uma mesa e cadeiras, onde os alunos que precisavam de reforço escolar para fazer os exames de admissão ao ginásio, recebiam aulas particulares. A sua casa na rua Padre Manoel da Nobrega, no bairro Vergueiro, era um cursinho de segunda a sexta-feira, no período da tarde. Para planejar os filhos que viriam para perpetuar as suas gerações, Maria e José Martinez receberam de Deus a graça da paternidade e maternidade. O primeiro filho José Eduardo Martinez, hoje médico, foi o primogênito. Depois nasceram as gêmeas, Maria Isabel e Teresa Cristina. No dia da nossa entrevista, elas acompanharam com a mãe o relato das suas lembranças de vida.

 

A intensa vida do casal, aliada a educação dos filhos, resultou em 2007, na celebração dos 50 anos de casamento. As comemorações das Bodas de Ouro foram um acontecimento inesquecível para os convidados dos Gambarcotta Martinez.

 

Viajar pelo Brasil e exterior sempre foi um hobby dos mais preferidos do casal e filhos. As lembrancinhas dos países e cidades que já conheceram fazem parte da coleção de mimos na sala da casa da professora Maria Apparecida. Viúva desde abril de 2007, ela e suas filhas Maria Isabel e Teresa Cristina com as suas duas cachorrinhas não perdem a oportunidade de aproveitarem os feriados para descerem a serra rumo a Santos. Foi o que fizeram no dia seguinte a esta entrevista, feriado de Tiradentes.

 

 

Vanderlei Testa (artigovanderleitesta@gmail.com) Jornalista e Publicitário, escreve aos sábados no jornal Ipanema

 

 

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