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Vídeo: grupo vira as costas em protesto a discurso “transfóbico” de vereador

Postado em: 03/07/2019

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Um grupo em defesa das causas LGBTQIA+ que assistia a sessão solene durante esta terça-feira (2), na galeria do Plenário, virou as costas para o vereador Luís Santos (PROS), enquanto ele discursava na tribuna.

O ato foi um protesto contra a alegação do pastor, feita em plenário no último dia 13 de junho, entendida como discurso “transfóbico” pela comunidade trans. Na data citada, o vereador afirmou que a mãe de uma garota que frequenta o Sesc Sorocaba denunciou que “um vagabundo que se sente mulher entra no banheiro feminino quando vê mulheres ‘do sexo feminino’ entrando”.

Vídeo: colaboração/Ouvinte Sorocaba

No Sesc Sorocaba há uma estagiária trans e houve interpretação de que o vereador se referia a ela. Após seu discurso repercutir negativamente, principalmente nas redes sociais, o pastor voltou a se posicionar para se defender e dizer desconhecer a existência dela no local.

“Quero reforçar, amamos vocês. Que sejam abençoados”, dirigiu-se ao grupo. Santos voltou a frisar que não teve a intenção de ofender ninguém. “A esquerda usou vocês como massa de manobra. Em nenhum momento ofendi alguém em particular. Repliquei o que a mãe me falou. “A esquerda que expôs vocês. Reclamem deles”, argumentou citando o PSOL.

“Jovens, vocês que estão de costas enquanto eu falo, oramos por vocês. Vocês que viram as costas não estão acostumados a ouvir a verdade. É uma mentira descarada da esquerda que nós não amamos vocês”, completou o pastor. O vereador voltou a pedir, assim como na entrevista no Jornal da Ipanema, para “não ser rotulado como transfóbico”

A ATS (Associação de Transgêneros de Sorocaba) protocolou na Câmara de Vereadores uma representação à Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, esta presidida pelo vereador Anselmo Neto (PSDB), acusando Luís Santos por quebra de decoro ao chamar a trans de “vagabundo”.

Trans na tribuna

Laura Marcelli, a trans que trabalha no Sesc, também esteve presente na Câmara nesta terça e se posicionou publicamente sobre o caso. “Se é um dever do estado e a sociedade contribuir para que possamos exercer nosso trabalho e estudar, como conseguirei se recebo olhares de desafeto?”, questionou. “Exijo respeito para com meu trabalho e minha existência”, ressaltou. “Como consigo chegar nessa Casa [Legislativa] olhar para esses senhores legisladores e saber que existe uma Casa que não colabora com a própria Constituição ao garantir nossos direitos?”, continuou.

Laura revelou ter buscado ajuda psicológica para se manter em seu trabalho por conta do preconceito. “Se há uma mãe que fez denúncia ao meu respeito, será que ela já pensou nas mães de LGBTs? Será que todo pensou que seus filhos estão morrendo diariamente pela falta de afeto da sociedade?”.

A estagiária também aproveitou para falar sobre o escândalo do banheiro, ocorrido após a fala do vereador. “Banheiro, para mim, é um assunto que já está superado. Temos respaldo legal, lei que nos ampara para que possamos usar o banheiro de acordo com nossa identidade de gênero. Existe um decreto 8.727 de 28 de abril de 2016, que dispõe sobre o uso do nome social e da prática de identidade de gênero”.

Laura também lembra o artigo 20 da lei 7.716 de 1989 que criminaliza a LGBTfobia de assim como o racismo.

Por fim, Laura questiona: “minha ideologia não matou ninguém? Mas e a de vocês, senhores pentecostais, do setor religioso. A ideologia de quem não enxerga nossa existência, quantas de nós vocês têm matado?”.

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