Aline Mazzo, Folhapress
O secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, pediu que profissionais da área, como médicos, enfermeiros e fisioterapeutas se voluntariem para trabalhar no cuidado de pacientes com Covid-19 no estado.
"Estamos em guerra", disse Gorinchteyn, ao falar sobre a situação da pandemia no estado em coletiva na tarde desta sexta-feira (5), no Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, na zona oeste da capital paulista.
Ele ainda pediu apoio às entidades e classe, como Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado) e Coren (Coselho Regional de Enfermagem), para indicação desses voluntários.
"Quero aproveitar aqui e conclamar aqueles profissionais da saúde que atenderam naquela primeira fase, na primeira onda do Covid, para que voltem a nos ajudar. Tragam as suas experiência, tragam a sua ajuda para a gente poder acolher e atender a nossa população."
Segundo o secretário, as equipes da linha de frente vão trabalhar como em uma "operação de guerra" em hospitais, colocando pacientes de extrema gravidade em UTIs e verificando quem pode ficar em outras áreas das unidades. Para isso, diz Gorinchteyn, o governo tem distribuído respiradores e ampliado a oferta de oxigênio para os serviços de saúde.
O secretário ainda afirmou que serão abertos novos leitos nos espaços disponíveis dos hospitais, se necessário nos corredores, para que nenhum paciente fique sem assistência.
O governador João Doria (PSDB) afirmou que na segunda-feira (8) será anunciado um novo hospital de campanha na capital paulista, que funcionará dentro de uma unidade hospitalar já existente. O governador explicou que não serão montadas tendas, como foi feito no primeiro pico da doença, pois a necessidade atual é de leitos de tratamento intensivo, que demandam mais infraestrutura.
Nesta sexta, o estado registrou 7.892 pacientes internados em UTIs de Covid -a maior marca desde o início da pandemia-, totalizando a ocupação de 77,4% dos leitos. Na Grande São Paulo, essa taxa chega a 79,1%.
"A cada dois minutos, três pacientes no estado de São Paulo são internados. Seja numa UTI, seja numa enfermaria", disse Gorinchteyn.
O secretário ainda voltou a cobrar o Ministério da Saúde pelo repasse de verbas para leitos de UTI Covid, cujo repasse foi determinado pela ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), em 28 de fevereiro.
O governador também fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ao Ministério da Saúde pela falta de coordenação no combate à pandemia no país.
Doria ainda destacou que o país está conseguindo distribuir vacinas graças ao empenho do Instituto Butantan, que tem envasado doses da Coronavac.
"Pergunte a sua mãe, presidente, qual foi a vacina que ela recebeu", disse o governador, referindo-se à vacinação da mãe de Bolsonaro, que mora na cidade de Eldorado, no interior de SP.
O Butantan protocolou na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) o pedido para início dos testes com o soro para tratamento de pacientes com Covid-19. Segundo Dimas Covas, diretor do Butantan, já estão disponíveis 3.000 frascos do produto para serem usados nos estudos clínicos.
O uso do soro tem como objetivo amenizar os sintomas da doença em pessoas infectadas. Ele não é capaz de curar e nem de prevenir a Covid-19. Assim que autorizado pela agência federal, os testes começarão a ser feitos em pacientes que passaram por transplantes renais e são atendidos no Hospital do Rim, bem como pessoas com comorbidades atendidas no Hospital das Clínicas.
Diante do avanço da pandemia, começa a vigorar à 0h deste sábado (6) a fase vermelha em todo o estado. Assim, somente serviços essenciais - como supermercados, padarias e farmácias, além de igrejas - estão autorizados a funcionar. A medida valerá até 19 de março.