FOLHAPRESS
O ex-médico Roger Abdelmassih, 77, condenado por uma série de crimes sexuais contra pacientes, foi agredido por outro detento no Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário, localizado no Carandiru, zona norte de São Paulo. Ele cumpre pena em regime fechado desde agosto.
A informação foi divulgada pela TV Globo e confirmada pelo UOL.
A agressão aconteceu na quarta-feira (21), no quarto ocupado pelo ex-médico na ala de segurança pessoal do hospital. O agressor invadiu o local e atacou Abdelmassih.
Segundo nota da Secretaria da Administração Penitenciária, o detento teria uma parente que foi vítima de violência sexual e isso teria motivado a agressão.
"A situação foi rapidamenta contida e Abdelmassih não ficou ferido", diz a nota.
O ex-médico foi submetido a exame de corpo de delito e, de acordo com a Secretaria da Administração Penitenciária, está em bom estado de saúde.
Um boletim de ocorrência foi registrado sobre o fato. O preso agressor foi transferido para outra ala do hospital após a agressão e nesta quinta-feira (22) teve alta.
No final de agosto, Abdelmassih voltou para a prisão por determinação da Justiça de São Paulo, após recurso do Ministério Público. Ele estava em prisão domiciliar desde abril.
O relator da decisão, o desembargador José Raul Gavião de Almeida, argumentou que o cumprimento de uma pena em regime domiciliar não é possível a condenados ao regime fechado, caso do ex-médico.
O relator também avaliou que não há recomendação médica ou provas de que o condenado corra risco de saúde na prisão e que não há justificativas para uma progressão de regime, mesmo diante da pandemia do novo coronavírus.
Entenda o caso
Antes de ser acusado por dezenas de pacientes por crime sexual, Abdelmassih era conhecido como "médico das estrelas". Considerado um dos principais especialistas em reprodução assistida do país, ele tinha pacientas famosas e era figura frequente em programas de TV.
O primeiro caso de violência sexual foi denunciado ao Ministério Público em abril de 2008, por uma ex-funcionária. Depois, pacientes com idades entre 30 e 40 anos disseram ter sido molestadas.
As mulheres afirmam que foram surpreendidas por investidas do ex-médico quando estavam sozinhas. Os casos teriam ocorrido durante a entrevista médica ou nos quartos particulares de recuperação. Três dizem ter sido molestadas após sedação.
Em 2010, o ex-médico foi condenado em primeira instância a 278 anos de prisão pela série de estupros de pacientes. A pena acabou reduzida para 181 anos em 2014 por causa da prescrição de alguns crimes.
Abdelmassih ficou foragido por três anos antes de ser preso e chegou a liderar a lista de procurados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo. Ele foi localizado em agosto de 2014, em Assunção, no Paraguai, de onde foi deportado.
O Cremesp (Conselho Regional de Medicina de SP) iniciou um processo contra o médico em 2009, logo após as denúncias, e a cassação definitiva do registro profissional saiu em maio de 2011.