Os quase 200 médicos que cursam residência na Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da PUC-SP atuam nas enfermarias dos serviços públicos de Sorocaba e Votorantim – atendendo, inclusive, pacientes com suspeita ou confirmação da infecção pelo novo coronavírus.
Somente na especialidade Clínica Médica, atualmente, são 20 jovens médicos que estão na chamada linha de frente. Eles atuam no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), no Hospital Santa Lucinda e em alguns programas existentes nas Unidades Básicas de Saúde.
De acordo com o professor José Eduardo Martinez, coordenador do Programa de Residência Médica da FCMS, as atividades estão mantidas neste período crítico causado pela Covid-19, seguindo estritamente as orientações de cada um desses serviços. “Houve uma redução das atividades eletivas nos ambulatórios e nas cirurgias, em privilégio às atividades de urgência”.
Jaqueline Alves Rena graduou-se em Medicina pela FCMS e está no primeiro ano de residência (R1) em Clínica Médica. Ela conta que tem atendido vários casos suspeitos – um deles, com o teste confirmando a infecção pela Covid-19.
Ela revela ter bastante receio de se contaminar, mas, principalmente, de ser uma pessoa assintomática ou oligossintomática (com poucos sintomas) e, por conta disso, transmitir o vírus para pacientes e familiares. “Estar na linha de frente é uma experiência boa, mas que gera uma certa angústia”, confessa. “É gratificante poder atender as pessoas e ajudar como posso, porém, esta doença é nova e gerou muitas vítimas, o que me deixa angustiada e até receosa.”
Os infectologistas estão no “olho do furacão” desta pandemia viral. Felipe Moreno, por exemplo, está no segundo ano de residência (R2) dessa especialidade. “Estou tranquilo, na medida do possível. Contudo, vejo muitos residentes aflitos, pois realmente não sabemos ao certo se teremos estrutura, EPIs e equipessuficientes para fazer o atendimento da maneira ideal. Tentamos nos ajustar da melhor forma possível com o que temos disponível, para não nos colocar em risco mais do que o necessário”, explica.
Sobre o risco de contaminar-se, ele afirma que, comotodos os profissionais da área da saúde, sente receio. “Mas não podemos deixar este medo atrapalhar a realização do nosso trabalho. Sabemos da importância que temos nesta pandemia e faremos, como já estamos fazendo, o melhor que pudermos”, assegura.
“Penso que estamos numa situação totalmente nova, combatendo um vírus que possui uma transmissão muito fácil e que pode acarretar em quadros muito graves, sobretudo na parte respiratória”, confirma o residente. “Diariamente, acompanhamos estudos sobre os testes com as mais diferentes medicações, na esperança de que alguma delas realmente mude a história natural da doença. A vacina, que seria a melhor opção, possui suas dificuldades de fabricação e acho difícil termos algo antes de seis meses – sendo muito otimista”, diz.
A residência em medicina da PUC-SP é uma das mais antigas e disputadas do Brasil. Neste ano, por exemplo, 194 médicos que concluíram os seis anos de graduação foram aprovados para cursar uma das 18 especialidades médicas, com 24 programas ativos, que são oferecidas pela FCMS. As com maior número de participantes são a Clínica Médica, Cirurgia Geral e Básica e Pediatria.