O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse na noite de quarta-feira, 2, que ele e o ministro da Educação, Milton Ribeiro, estão se articulando para a volta às aulas presenciais no país. A afirmação vem na esteira do novo imbróglio envolvendo o Ministério da Educação. Na própria quarta, o MEC publicou portaria determinando retorno às aulas presenciais nas universidades federais a partir de 4 de janeiro de 2021. A decisão repercutiu negativamente entre parlamentares, entidades estudantis, estudantes e universidades. Bolsonaro contou aos apoiadores durante sua chegada ao Palácio da Alvorada que conversou com Milton Ribeiro no caminho sobre o assunto. “Conversei agora com o ministro da Educação. Queremos voltar às aulas presenciais em todos os níveis”, disse o presidente.
Bolsonaro alegou que a decisão de algumas reitorias de manter o ensino à distância durante o ano letivo de 2021 não tem “cabimento”. “Os reitores agora chegaram nele [Milton Ribeiro]… ‘não, queremos só começar em 2022’. Aí, no meu entender, não tem cabimento, até porque esse vírus aqui, ele fica grave de acordo com a idade da pessoa e comorbidades”, justificou o presidente. Em seguida, ele voltou a chamar a Covid-19 de “gripezinha” e teceu ataques à imprensa. “Para mim, pelo meu passado, pela vida que eu levo, que atleta que eu fui, não passarei de uma gripezinha”, afirmou. “[A imprensa] falou que eu debochei dos mortos, mas ela não mostra esse vídeo dizendo que eu falei que era gripezinha, porque não é verdade. É um jogo de uma mídia suja que nós temos no Brasil. [Mídia] porca, suja, que não colabora com nada, muito pelo contrário. Era acostumada a tratar com governos que gastavam bilhões de propaganda fiscal com eles. Acabou a mamata”, declarou Bolsonaro.
É a segunda vez na última semana que o presidente nega que tenha chamado a doença causada pelo coronavírus de “gripezinha”. A fala, no entanto, aconteceu no dia 20 de março durante uma entrevista no Palácio do Planalto. Ao responder sobre seu estado de saúde e da necessidade de realizar um terceiro exame para Covid-19, Bolsonaro respondeu que “depois da facada, não seria uma gripezinha” que o “derrubaria”. Ele repetiu, ainda, a declaração quatro dias depois, em um pronunciamento feito em rede nacional. Na ocasião, o chefe do Executivo utilizou o mesmo argumento de que os jovens não seriam afetados pela Covid-19. “Por que fechar escolas? Raros são os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos”, disse. “Eu, caso fosse contaminado, pelo meu histórico de atleta, não precisaria me preocupar, nada sentiria, seria acometido por uma ‘gripezinha’ ou ‘resfriadinho’”, disse na época.