Renato Machado e Julia Chaib, FOLHAPRESS
O general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, afirmou na abertura da sessão da CPI da Covid que sua participação será importante para esclarecer "fatos e verdades" a respeito da pandemia no Brasil.
O militar afirmou que enfrentou quatro ondas na pandemia: contaminação e óbito por doenças não tratadas, agravamento das doenças crônicas, o suicídio e a automutilação.
Em seu discurso de abertura, ressaltou sua ligação com Manaus, onde frequentou o colégio militar e depois veio a comandar a 12ª Região Militar, já no Exército. A cidade se tornou um dos principais focos de crítica de sua gestão, por causa do colapso do sistema de saúde por causa da pandemia.
Falou ainda que foi decisivo o telefonema do presidente Jair Bolsonaro para que aceitasse se tornar secretário-executivo do Ministério da Saúde, durante a transição no comando da pasta de Luiz Henrique Mandetta para Nelson Teich. Nesse momento ficou acertado que receberia 15 oficiais militares para auxiliá-lo na função.
Sem citar a polêmica hidroxicloroquina, o ex-ministro repetiu argumento de sua gestão de que os médicos detêm a prerrogativa para prescrever ou não medicamentos off label - fora da prescrição prevista na bula.
Criticado pela demora na vacinação, o ministro ressaltou que o país atingiu 100 milhões de doses disponibilizadas hoje.
Também lembrou a decisão do Supremo Tribunal Federal que estabeleceu competências de União, estados e municípios no enfrentamento da pandemia. Essa decisão, de forma destorcida, é constantemente mencionada pelo presidente Bolsonaro, para afirmar que perdeu sua liberdade de atuação no combate à pandemia.
O general compareceu sem a sua farda militar.
Nos bastidores, circula a informação de que o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), ligou para o comandante do Exército, general Paulo Sérgio, para solicitar que Pazuello comparecesse à comissão em trajes civis. Argumentou que a CPI vai ouvir o ex-ministro como ex-ocupante de um cargo civil e não militar.