Dores no corpo sentidas com frequência serviram de alerta para que Regina Lopes da Silva, 51 anos, procurasse ajuda. Com obesidade, a servidora pública entrou no posto de saúde próximo da sua casa em 2017 com um único objetivo: mudar de vida. Após ser atendida na Atenção Primária à Saúde, foi encaminhada para tratamento em um centro especializado de Brasília (DF). “Eu cheguei para fazer o tratamento com esperança de poder mudar o que eu estava sentindo, porque eu estava doente e precisava me cuidar”, lembra Regina.
Assim com a diabetes e a hipertensão, a obesidade é uma doença crônica não-transmissível. Ela é resultado de uma série complexa de fatores genéticos, individuais, comportamentais e ambientais que podem ser evitados com hábitos saudáveis.
“Nós temos também que lembrar que a obesidade é uma doença multifatorial. Temos fatores biológicos, genéticos e ambientais, que são uma alimentação, muitas vezes, inadequada, o sedentarismo, o estresse, distúrbios do sono. Todos esses fatores precisam ser cuidados”, explica a médica Alexandra Sete, coordenadora do Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão (CEDOH).
Durante o tratamento, que durou dois anos, Regina foi acompanhada por médicos e profissionais de saúde de diferentes áreas. Através de ações e orientações, como reuniões educativas e acompanhamento médico, ela e outros pacientes são estimulados a mudar de hábitos em prol da saúde.
“Os pacientes precisam ser vistos por uma equipe multidisciplinar, formada por endocrinologistas, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, entre outros profissionais de saúde. No tratamento, eles aprendem a se auto gerenciar. São ensinadas ferramentas de autocuidado. Nosso objetivo não é que ele seja magro, mas capaz de ter um autocuidado para a vida toda”, explica Alexandra Sete.
ALERTA
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada em novembro deste ano, apontou que um em cada quatro brasileiros estava obeso em 2019. Nos últimos 17 anos, o percentual da população com mais de 20 anos com a doença mais que dobrou no país.
O risco à saúde se agravou ainda mais durante a pandemia da Covid-19, já que a obesidade é o terceiro fator para agravamento do coronavírus em pessoas com menos de 60 anos.
Os principais elementos para o aumento da prevalência da doença nas populações são ambientes que dificultam a adoção hábitos alimentares saudáveis e a falta da prática regular de atividade física - por isso, a importância da prevenção e do cuidado aos pacientes. Em novembro, o Ministério da Saúde investiu mais de R$ 221 milhões no reforço ao atendimento precoce na Atenção Primária às pessoas com doenças crônicas não transmissíveis, como é o caso da obesidade.
Hoje, Regina conta com orgulho sobre sua rotina de atividades físicas e alimentação equilibrada, e comemora o apoio que recebeu da família e dos profissionais de saúde.
“Às vezes a gente só precisa de uma orientação, de um incentivo. Porque não foi muito mais do que isso. Foram as orientações que me deram, como profissional de saúde, que eu devia fazer uma atividade física. Eu aconselho a todos a buscar o apoio do profissional de saúde, é só ele que pode nos ajudar, é só ele que pode nos endereçar, nos incentivar”, concluiu, emocionada, a servidor pública.
OBESIDADE E PANDEMIA
O Ministério da Saúde preparou um manual para que gestores e profissionais de saúde possam organizar o cuidado de pacientes com doenças crônicas na Atenção Primária. O documento reorganiza o processo de trabalho no contexto da pandemia da Covid-19, com orientações sobre estratificação de risco, frequência e organização dos atendimentos, acesso a medicamentos e informações sobre autocuidado. Acesse o manual aqui.
Todas os mais de 41 mil postos de saúde estão aptos a oferecer atendimento voltado exclusivamente para paciente com obesidade.
Por meio do Guia Alimentar para a População Brasileira, elaborado pelo Ministério da Saúde, a população pode conhecer, de maneira simples e descomplicada, as recomendações sobre hábitos saudáveis.