Bruno Zanette, FOLHAPRESS
Em declaração feita nesta terça-feira (1), em Foz do Iguaçu, município paranaense na divisa com Cidade do Leste, no Paraguai, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a negar a ideia de prorrogar o auxílio emergencial. O benefício, atualmente no valor R$ 300, é pago pelo governo para aliviar os impactos da pandemia sobre o orçamento familiar e teminar em 31 de dezembro.
"Nada mais dignifica o homem do que trabalho, é o que nós precisamos. Temos internamente os nossos problemas, ajudamos o povo do Brasil com alguns projetos, por ocasião da pandemia. Você [Benítez] fez o mesmo no Paraguai, aqui do lado. Alguns querem perpetuar tais benefícios, ninguém vive dessa forma, é o caminho certo para o insucesso", disse Bolsonaro no evento, que contou com a presença do presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez.
Mais cedo, antes da visita, o presidente disse pelas redes sociais que havia risco de apagão se nada for feito, numa menção aos níveis baixos da água em represas de hidrelétricas. Na visita à Foz, cidade em que esteve pela quarta vez durante seu mandato, Bolsonaro destacou o trabalho da Usina Hidrelétrica de Itaipu, sob a gestão do general Joaquim Silva e Luna, que nesta terça foi o responsável pela recepção do presidente e convidados.
O evento teve registros de aglomerações e a maioria das autoridades presentes, incluindo Bolsonaro e o governador da Paraná, Ratinho Jr. (PSD), não usava máscaras de proteção.
Bolsonaro e Benítez estavam acompanhados das respectivas primeiras-damas, Michelle Bolsonaro e Silvana Abdo. Acompanhados de várias autoridades, eles acompanharam o andamento das obras da Ponte da Integração, segunda ligação entre o Brasil e o Paraguai por Foz do Iguaçu, mas via o município de Presidente Franco.
A ponte, que está com menos da metade das obras concluídas, vai receber principalmente caminhões e veículos pesados, liberando o tráfego para automóveis menores na Ponte da Amizade, principal elo de ligação da fronteira, entre a brasileira Foz do Iguaçu e a paraguaia Cidade do Leste.
A nova travessia pelo rio Paraná, conectando os dois países, é uma obra do governo federal, com gestão do governo do Paraná (por meio do Departamento de Estradas de Rodagem) e recursos da Itaipu Binacional.
Do tipo estaiada, a ponte terá 760 metros de comprimento, com vão-livre de 470 metros, que poderá ser o maior da América Latina, e 40 metros de largura. O investimento total é de aproximadamente R$ 463 milhões. A previsão é que a obra seja concluída em maio de 2022.
Após a visita à obra, os dois presidentes e demais autoridades se dirigiram até um hotel em Foz do Iguaçu para uma reunião de trabalho, seguida de almoço. Estava previsto um pronunciamento conjunto dos governantes no final da tarde, mas, de acordo com a assessoria do Planalto, a agenda presidencial se estendeu e, por conta disso, a coletiva foi cancelada.
Foz do Iguaçu está em situação crítica diante da pandemia, com quase 92% das UTIs ocupadas. Na metade de outubro, o Brasil reabriu as fronteiras com o Paraguai, mas, enquanto o país vizinho possui uma série de medidas de controle à circulação de brasileiros, do lado paranaense da fronteira as regras para restrição são mínimas.
Na ocasião, a prefeitura de Foz apresentou um plano de contingência para a pandemia e pediu ajuda ao Ministério da Saúde diante do possível aumento de casos. Segundo a assessoria do Executivo municipal, a pasta enviou 20 respiradores e 20 monitores para o hospital da cidade.
O plano previa, no entanto, a criação de 70 novos leitos de UTI e implantação de uma unidade móvel na cabeceira da Ponte da Amizade para triagem dos pacientes.