Joana Cunha, Folhapress
Empresários entusiastas da terceira via lamentaram a saída de João Doria da disputa presidencial, mas viram no afunilamento a chance de fortalecer uma candidatura alternativa a Lula e Bolsonaro.
"É uma pena que o ex-governador não tenha conseguido se viabilizar. Ele é um gestor com realizações importantes em São Paulo e tem uma visão de país moderna. Mas se a renúncia da sua candidatura servir para concentrar forças políticas moderadas em torno de um nome com qualidades e que tenha potencial de ser efetivamente competitivo, essa pode ser uma boa notícia para o país", diz Eduardo Mufarej, fundador do Renova BR, escola de formação política para candidatos.
Para o empresário Horácio Lafer Piva, talvez facilite, pois vai trazer foco, mas ainda há o desafio de tornar o nome da terceira via conhecido. "Neste instante Ciro, Lula e Bolsonaro recebem a maioria do que de Doria seria. Respeito o gesto de João e torço para que os adeptos do centro democrático consigam desenhar uma estratégia que mostre rapidamente sua viabilidade", afirma.
Laercio Cosentino (Totvs) diz que Doria era, "sem sombra de dúvida, uma excelente opção, mas sendo a política muito mais que uma candidatura, uma grande negociação, necessita acomodar diversos interesses na busca de votos". O empresário afirma que ainda é preciso perseguir uma alternativa que fortaleça a terceira via "como opção para que o futuro da nação não seja um plebiscito entre o antagonismo".
Para Luiz Fernando Furlan (BRF), que é chairman do Lide, a empresa da família de Doria, o tucano tomou a decisão de deixar a candidatura mirando o bem comum, a terceira via. "Ceder, na política, não é um gesto trivial, quando não se recebe nada em troca, cargos, benefícios etc. João agiu com hombridade e desprendimento aguentando a dor e visando o bem comum", diz Furlan.
Outro empresário próximo de Doria, Marcos Arbaitman, dono do grupo de turismo Maringá, diz que Simone Tebet é uma pessoa de bem. "Os demais foram desaparecendo, infelizmente, como o Moro. O Bivar, que tem uma força, tem mais um fator. Alguns deputados do PSDB não querem que o partido tenha um candidato porque, se tiver, a verba que o partido tem precisa ser usada em parte para a presidência", afirma.
A empresária Rosangela Lyra, presidente da Associação Comercial Jardins e Itaim e fundadora do Instituto Política Viva, já não acredita no fortalecimento de um nome além de Lula e Bolsonaro. "O que fizeram com o Doria foi bem ruim. Puxaram seu tapete primeiro para o governo do estado, depois para a Presidência", diz. "Terceira via para 2026 terá meu apoio. Que comecem a se preparar já", afirma.