A Organização Mundial da Saúde alerta para as consequências do ruído excessivo, que pode, não só prejudicar a audição, como também atrapalhar o bem-estar físico e mental. Com tantos riscos, é preciso ficar atento e evitar exposição prolongada a esse tipo de poluente, que, embora invisível, pode estar presente dentro de casa, no trânsito, no trabalho, na escola e em muitos outros lugares.
Um dos locais com maior risco à saúde auditiva é o próprio lar. Equipamentos eletrodomésticos, como secador de cabelo, liquidificador e aspirador de pó, aparentemente inofensivos, têm potencial para, em médio e longo prazos, provocar prejuízos à audição.
Dra. Vanessa Gardini, fonoaudióloga da Pró-Ouvir Aparelhos Auditivos, de Sorocaba (SP), explica que, quanto maior o tempo de exposição ao ruído, maiores os riscos de perda auditiva. “Isso ocorre, pois os sons altos destroem as células dos ouvidos responsáveis por captá-los e o ouvido não tem a capacidade de regenerar esta região, que vai, aos poucos, perdendo a capacidade de ouvir adequadamente. Essa característica coloca em risco elevado para o desenvolvimento de problemas auditivos quem manuseia, por muito tempo e com frequência, esses equipamentos, como cabeleireiros, faxineiras e confeiteiros”, comenta a especialista.
Para conscientizar sobre a importância de optar por equipamentos menos ruidosos, o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) passou a exigir que os fabricantes divulguem o nível de ruído dos equipamentos, por meio de uma etiqueta que traz uma escala indicando a potência sonora do equipamento. “Ruídos acima de 85 db já podem prejudicar a audição, por isto é ideal, sempre que possível, escolher os que estão abaixo, ou o mais próximo, desse valor”, aconselha a fonoaudióloga.
Dentre os eletrodomésticos, os mais ruidosos são: ventilador – 65 db; batedeira – 70 db; aspirador de pó – 80 db; furadeira – 85 db; secador de cabelo – 90 db; liquidificador – 95 db e cortador de grama -100 db.
Para quem não tem alternativa e precisa utilizar equipamentos ruidosos, Dra. Vanessa orienta. “Utilize protetores auriculares para secar os cabelos, cortar a grama ou realizar qualquer outra atividade que exija um aparelho muito barulhento. Existem diversos modelos, que podem ser adquiridos em farmácias ou lojas de equipamentos de proteção individual. A prevenção é sempre a melhor atitude contra a perda de audição”, aconselha.
A exposição desprotegida e prolongada a ruídos elevados pode causar perda auditiva irreversível, problema que já é considerado epidemia pela OMS. Atualmente, mais de 400 milhões de pessoas no mundo possuem déficit auditivo, número que o órgão estima que pode chegar a 900 milhões, em 2050. “Esta realidade é preocupante, se levarmos em conta que estamos expostos ao barulho em praticamente todos os lugares”, comenta Dra. Vanessa.
Uma das principais formas de corrigir a perda é com a reabilitação feita com o uso de aparelhos auditivos, pequenos dispositivos eletrônicos que amplificam os sons. “O fonoaudiólogo solicita os exames de audiometria e impedanciometria para identificar as frequências e a intensidade da perda. Com base no laudo, os aparelhos são regulados individualmente, devolvendo a audição”, conclui a especialista.
Os aparelhos auditivos modernos possuem conectividade com smartphones e SmartTVs. Com estes recursos, é possível atender a chamadas telefônicas, ouvir música ou assistir a programas de TV, com o som sendo enviado diretamente aos ouvidos.
O modelo e o preço do aparelho auditivo são determinados pelas necessidades do paciente e pelas funcionalidades agregadas. Atualmente, existem linhas de crédito especiais para aquisição pelo Banco do Brasil, assim como também é possível utilizar os recursos do FGTS.