Artur Rodrigues, Folhapress
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), criticou nesta terça-feira (31) "empresários gananciosos" por aumentar preços de equipamentos de segurança na área de saúde e por manter estabelecimentos abertos.
O tucano, conhecido por exaltar a iniciativa privada, adotou um discurso duro em relação aos empresários que não estão respeitando a quarentena e se aproveitando da situação para lucrar.
Doria disse que orientou o Procon a fiscalizar abusos nos preços dos chamados EPIs (equipamentos de proteção individual), que estão em falta no mercado.
"Não considero de forma alguma a atitude correta, dada a demanda a crescer, que empresários gananciosos, não generalizando, mas alguns infelizmente estão fazendo essa péssima prática, eu diria até uma prática desumana, de aumentarem o preço de seus produtos dado o fato de que a demanda cresceu", disse Doria.
O tucano afirmou que busca aquisição de produtos de proteção fora do país, para atendimento à rede de saúde pública, além de pedir doações à China deste tipo de equipamento. Segundo o governo, até o momento não há falta na rede estadual, na contramão de relatos de funcionários.
Doria voltou a criticar empresários por abrir as lojas. "Empresários gananciosos e que querem colocar de forma impositiva colocar em funcionamento presencial negócios que não podem serão multados pelas prefeituras municipais, serão fechados pelas prefeituras municipais e poderemos ter medidas ainda mais duras àqueles que forem reincidentes", disse.
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), afirmou que denúncias podem ser feitas para o 156 e que fiscais estão orientados a lacrar.
O governador também não respondeu se pretende renovar ou não quarentena que, oficialmente, acaba no dia 7 de abril.
Questionado sobre ameaça de Bolsonardo de abrir emitir decreto para autorizar a abertura de comércios, o tucano afirmou que o governo tomaria medidas judiciais para evitar ter que cumprir esta medida. Ele afirmou que no estado não permitirário que nenhum ato irresponsável atrapalhe a luta contra a doença.
O tucano também tem feito apelos para que empresários não demitam seus funcionários e que esta se trata de uma "guerra que tem prazo".
Durante a entrevista coletiva, Doria anunciou envio de R$ 100 milhões a Santas Casas e hospitais municipais, dividido em parcelas mensais de R$ 25 milhões.
Ele também anunciou que serão distribuídos 140 mil kits de alimentos para os motoristas de caminhão em 43 pontos de 19 rodovias concessionadas.
Doria vem fazendo entrevistas coletivas diárias, nas quais tem buscado se diferenciar do presidente Jair Bolsonaro, que minimiza a crise do coronavírus. Na terça-feira (31), ele pediu para que a população não seguisse as orientações de Bolsonaro.
"Quero voltar a afirmar: escutem e atendam as recomendações médicas, não em informações colocadas nas redes sociais. Ou lamento dizer, mas, neste caso, por favor, não sigam as orientações do presidente da República do Brasil. Ele não orienta corretamente a população e lamentavelmente não lidera o Brasil no combate ao coronavírus", disse Doria, que lançou campanha publicitária pedindo para que a população acredite nos dados técnicos.