Luís Adorno, UOL/FOLHAPRESS
Policiais civis prenderam, na manhã deste domingo (15), o suspeito de administrar a exportação de drogas do PCC (Primeiro Comando da Capital) a partir do porto de Santos, no litoral de São Paulo.
André de Oliveira Macedo, conhecido como André do Rap, exercia o cargo que é de extrema confiança dentro da organização criminosa paulista.
Antes dele, quem administrava o comércio era Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, então número um do PCC em liberdade. Ele foi assassinado, junto a seu parceiro Fabiano Alves de Souza, o Paca, porque, segundo investigações, ambos estavam roubando dinheiro da própria facção.
André do Rap era aliado de Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro, que foi assassinado, a tiros de fuzil, como queima de arquivo, porque esteve envolvido nos homicídios de Gegê do Mangue e Paca. Atualmente, André do Rap era apontado como o homem de confiança de Gilberto Aparecido dos Santos, o braço direito de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, em liberdade.
Havia a suspeita, até então, entre investigadores, de que André do Rap ou estivesse vivendo no Paraguai ou Bolívia, assim como Fuminho, ou que tivesse sido assassinado, por seu passado de parceria com Gegê do Mangue e Cabelo Duro.
Suspeitava-se, também, que seu corpo poderia ter sido jogado ao mar, também como queima de arquivo.
André do Rap foi preso na manhã de hoje por policiais civis da delegacia de anti-sequestro de São Paulo em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. “É o substituto do Cabelo Duro, responsável pelo tráfico internacional em favor do Marcola”, afirmou à reportagem um policial envolvido na captura.
“É o terceiro homem de influência do PCC preso em 45 dias pela polícia. Dois haviam sido capturados pelo Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) e, agora, este, pela delegacia anti-sequestro”, complementou.
Segundo a Polícia Civil, durante diligências, uma equipe policial encontrou André do Rap junto de outros três criminosos. Todos eles eram procurados pela Justiça e ligados à organização criminosa paulista.
Foram apreendidos em poder dele um helicóptero e uma lancha de luxo. Ele era procurado por tráfico internacional de drogas e, segundo investigadores, além do porto de Santos, comandava o tráfico de cocaína no estado do Pará, que está entre os mais violentos do país.
Além disso, seria um dos homens responsáveis pela negociação direta com Nicola Assisi, mafioso italiano preso em julho passado na Praia Grande, litoral paulista. Também foi preso na mesma ação o filho do mafioso, Patrick Assisi.
Ambos seriam os correspondentes da máfia calabresa ‘Ndrangheta na América do Sul.
Para operar no Brasil, a ‘Ndrangheta estabeleceu acordos com o PCC, facção forte no estado de São Paulo, entre outros. Em dois anos, ao menos três homens com cargos de liderança na Itália estiveram com a organização brasileira.
Existe a suspeita de que outros dois também estejam ou tenham passado por São Paulo com a mesma finalidade. André do Rap está sendo ouvido hoje no Dope (Departamento de Operações Policiais Estratégicas), órgão da polícia paulista.
A reportagem não conseguiu localizar sua defesa.
Segundo o procurador de Justiça Márcio Sérgio Chritino, que investigou o PCC no início da facção, André do Rap era um dos herdeiros de Gegê do Mangue. “É chefe. Mas o Gegê deixou muitos herdeiros, sendo que nenhum centralizado em tudo o que fazia”, explica.