Jovem Pan News
Carol Solberg, jogadora de vôlei de praia, foi advertida pela 1ª Comissão Disciplinar da Justiça Desportiva (STJD) nesta terça-feira, 13, por gritar “Fora, Bolsonaro” em partida realizada durante um torneio nacional, no final de setembro. Em julgamento, ela foi condenada com base no artigo 191 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), por descumprir regulamento, com multa convertida em advertência. Ainda assim, ela foi proibida de criticar o presidente da República novamente durante qualquer partida. “Foi um puxão de orelha, uma advertência. Se ela repetir, pode ser punida de uma forma pior”, disse o mandatário da comissão, Otacílio Araújo, que deu o voto derradeiro para advertir Solberg – o placar da sessão terminou em 3 a 2.
No entendimento de Otacílio, os atletas não podem se manifestar politicamente durante um torneio oficial. “Você não está ali para se manifestar de forma politicamente ou religiosamente. A gente, no passado, todo mundo lembra que quando um atleta fazia o gol ele mostrava ‘alô mamãe’, ‘alô papai’. Isso foi banido. Por quê? Por que não é o momento adequado. A atleta pode falar a vontade nas redes sociais dela, que ninguém vai falar nela. Mas se ela for nas redes sociais dela e falar mal do tribunal, ela pode ser denunciada”, declarou o presidente.”Na minha opinião para expressar o que ela expressou naquele momento ela está errada. Ela não deveria ter falado aquilo. Se ela desse entrevista no outro dia, muito bem, opinião dela, fora das quatro linhas. Não tinha público, mas estava sendo transmitido por uma rede de TV. O atleta tem que saber que é o grande artista do espetáculo. Tem certas horas que você não pode falar coisas dentro da quadra de jogo. Dentro da quadra de jogo é errado. Em entrevista coletiva, como no futebol, é errado”, completou.
No Tribunal, Carol Solberg justificou o seu ato, afirmou que não se arrependia de ter criticado Jair Bolsonaro e se defendeu ao lembrar dos jogadores de vôlei de quadra, que já se manifestaram a favor do presidente em algumas oportunidades. “Estava muito, muito feliz de ter ganhado o bronze e na hora de dar minha entrevista não consegui não pensar em tudo que está acontecendo no Brasil e me veio um grito totalmente espontâneo de tristeza e insatisfação com o que está acontecendo. Não quis ofender Banco do Brasil ou CBV, de forma alguma. Não me sinto nem um pouco arrependida. Só manifestei minha opinião. Da mesma forma que vejo que os meninos da seleção de vôlei de quadra manifestaram a opinião deles, uma opinião contrária à minha, do futebol também. Não me arrependo”, declarou.
Solberg foi enquadrada no artigo 3.3 de um anexo do regulamento do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, que afirma que “o jogador se compromete a não divulgar, através dos meios de comunicações, sua opinião pessoal ou informação que reflita críticas ou possa, direta ou indiretamente, prejudicar ou denegrir a imagem da CBV e/ou os patrocinadores e parceiros comerciais das competições.”
Carol Solberg causou polêmica no final de setembro ao gritar “Fora, Bolsonaro” durante entrevista ao vivo ao canal SporTV, ao fim da cerimônia de premiação de uma das etapas do Circuito Brasileiro de vôlei de praia. A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) e a Comissão de Atletas de Vôlei repudiaram a manifestação política. Diversos atletas, porém, saíram em defesa de Carol, assim como Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil (COB).