Renato Machado, da Folhapress
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) minimizou a possibilidade de uma segunda onda da Covid-19 no Brasil. "E agora tem essa conversinha de segunda onda", disse na manhã desta sexta-feira (13), ao deixar o Palácio do Alvorada.
Em seguida, Bolsonaro voltou a dizer que o cuidado com o novo coronavírus não deveria afetar o desempenho da economia.
"Tem que enfrentar se tiver [segunda onda] porque, se quebrar de vez a economia, seremos um país de miseráveis", completou.
O Brasil registrou até o momento um total de 164.332 mortos em decorrência da Covid-19, segundo dados do consórcio de imprensa.
Nesta semana, o presidente já havia falado que tratamento precoce seria suficiente para lidar com uma possível segunda onda de Covid-19, o que não possui evidências científicas.
"Mesmo que houvesse uma segunda onda [de Covid-19], é só fazer tratamento precoce. Conversa com o médico, tem três medicamentos para outras coisas que servem também para combater a Covid, que a princípio se resolve o assunto", disse o presidente, durante live transmitida nas redes sociais.
Em outra declaração sem amparo científico, Bolsonaro afirmou que a melhor prevenção para o vírus é "o preparo físico" e "estar bem de saúde". Em março, o presidente disse em pronunciamento em rede nacional que, por ter "histórico de atleta", "nada sentiria" se contraísse o novo coronavírus ou teria uma "gripezinha ou resfriadinho".
Bolsonaro também afirmou que vai comprar vacinas contra a Covid-19 desde que elas sejam certificadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Sem citar nominalmente a China, o presidente disse que o país que quer vender vacina ao Brasil precisa antes aplicar em sua própria população. Mais uma vez, disse que a vacina nunca será obrigatória, apesar de ter sancionado lei no início da pandemia que autoriza a imunização compulsória.
No dia anterior, o presidente já havia recuado e aberto a possibilidade de adquirir a vacina Coronavac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo.
Bolsonaro também afirmou que reduziu impostos para medicamentos utilizados no combate à Covid-19 e que gostaria de reduzir a carga tributária de uma maneira geral, mas que está impedido.
"O Brasil tem uma carga tributária enorme, não tenho como diminuir de uma hora para outra, alguns querem que eu diminua, mas tem uma Lei de Responsabilidade Fiscal que me impede disso aí. Algumas poucas coisas estamos diminuindo", disse.
O presidente também voltou a atacar nesta sexta (13) os países estrangeiros que o criticam pela alta em desmatamento e queimadas na região da Amazônia.
"Querem nos tirar a autonomia, o mando da região, porque é uma região riquíssima. Ninguém está preocupado com terra pobre. É só o que interessa", disse.
Assim como já havia feito em transmissão ao vivo nas suas redes sociais no dia anterior, Bolsonaro acusou países de compra ilegal de madeira, sem citar quais adotariam essa prática.
"Ontem eu mostrei pelo ´DNA´ da madeira para onde ela está indo, comprovada pela Polícia Federal. Os países que mais nos criticam são os que mais importam madeira ilegal do Brasil", afirmou.