Matheus Teixeira, Folhapress
O presidente Jair Bolsonaro disse que os líderes de EUA, Joe Biden, França, Emmanuel Macron, Canadá, Justin Trudeau, e Reino Unido, Boris Johson, estão "o tempo todo fustigando" o Brasil devido à Amazônia.
Em entrevista nesta sexta-feira (20), o chefe do Executivo defendeu a visita que fez à Rússia às vésperas do início da guerra com a Ucrânia e disse que o presidente russo, Vladimir Putin, sempre se posicionou no sentido de que a floresta amazônica é uma questão a ser tratada de maneira soberana pelo Brasil.
Nas declarações, dadas a um canal no YouTube, Bolsonaro aproveitou para voltar à ofensiva contra líderes com quem já teve atritos devido à Amazônia, como Macron e Biden. "Macron, Biden, Trudeau, Boris, entre outros, estão o tempo todo nos fustigando, [dizendo] que nós não sabemos tratar da Amazônia."
O presidente também afirmou que as críticas externas se devem a esforços para "deixar o Brasil no segundo plano" no mercado de commodities. "Nós temos aqui commodities, especialmente no campo. E concorremos com alguns países importantes. Obviamente os países têm interesse em nos deixar no segundo plano, porque quanto menos mercadoria no mercado o deles é mais valorizado. França, Estados Unidos, um pouco da Austrália, que não tem grande poder de influência e não trabalha contra a gente."
Não é a primeira vez que Bolsonaro critica chefes de outras nações, em especial Biden e Macron. Em outubro, ele afirmou que o presidente americano tem "quase uma obsessão pela questão ambiental".
"Da minha parte, o Brasil está de portas abertas e pronto para continuar a conversa com o governo americano. Obviamente, o governo Biden é um governo mais de esquerda. Um governo que tem quase uma obsessão pela questão ambiental, então isso atrapalha um pouquinho a gente", disse ele à época.
Em relação ao líder francês, Bolsonaro chegou a endossar um comentário ofensivo nas redes sociais à primeira-dama Brigitte Macron e acusou Macron de interferência na soberania brasileira sobre o bioma.
A investida contra Biden ocorre no momento em que o presidente deve decidir se viaja a Los Angeles no início de junho para participar da Cúpula das Américas, cuja nona edição é organizada pelos EUA.
De acordo com interlocutores de Bolsonaro, a tendência atual é que ele não viaje e se concentre em assuntos domésticos no Brasil, devido principalmente à proximidade do calendário eleitoral.