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As melhores séries de 2019

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Postado em: 23/12/2019

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Erick Rodrigues

Muita gente tem do que reclamar sobre o ano de 2019, e com razão, mas poucos podem dizer que o mundo das séries não proporcionou entretenimento de qualidade. É claro que houve alguns deslizes, porém, eles são praticamente inevitáveis em um mercado que lança cada vez mais produtos para conquistar a preferência do público.

Os serviços de streaming continuam fortes e se multiplicando. A Netflix ainda segue como a grande produtora de conteúdo desse mercado, mas outras plataformas estão surgindo ou fortalecendo os catálogos já existentes para competir com a empresa. Apple TV e Disney+ entraram nesse ramo e prometem fazer barulho em 2020.

O canal HBO foi o que mais se destacou no ano, quando se fala em canais de TV tradicionais, ainda que haja um serviço de streaming da emissora funcionando. Mesmo com o desastre do fim de "Game of Thrones", a HBO colocou no ar ótimas produções e demonstrou planejamento para continuar surfando essa boa onda nos próximos anos.

Na intenção de fazer uma retrospectiva de 2019, reuni as dez melhores séries exibidas da TV e no streaming no ano que está terminando.

- Watchmen (HBO)

A proposta do produtor Damon Lindelof era difícil e tinha muitas chances de dar errado. Criar desdobramentos para o universo da famosa HQ de Alan Moore poderia não agradar os fãs ardorosos da história e, ainda, não agregar o interesse de um novo público. O respeito ao texto original e a segurança no projeto de expansão desse universo tiveram, no entanto, o efeito contrário. "Watchmen" surgiu apresentando novos personagens e destinos à trama dos vigilantes mascarados, agora inserida na realidade atual e propondo debates importantes, por exemplo, sobre a questão do racismo. Regina King e Jeremy Irons puxaram um elenco competente e completamente inserido na narrativa ousada, detalhista e instigante. Lindelof já disse que não pretende fazer uma segunda temporada de "Watchmen" e não é difícil de entendê-lo, afinal, todos teriam receio em mexer com a perfeição.

- Fleabag (Amazon Prime Video)

Não me canso de dizer que "Fleabag" tem um dos textos de comédia mais inteligentes dos últimos anos e sigo indicando a série para aqueles que procuram esse tipo de entretenimento. Escrita e protagonizada por Phoebe Waller-Bridge, a produção tem duas temporadas inspiradas, anárquicas, ácidas e desconcertantes. Acompanhando o dia a dia da protagonista desajustada, cheia de problemas amorosos e familiares, o espectador descobre uma extrema empatia pela personagem, que orbita entre o humor e a melancolia. "Fleabag" tem uma abordagem muito humana e cômica sobre assuntos difíceis, como frustração, morte e tristeza, que nos faz pensar dando boas risadas. 

- The Crown (Netflix)

Depois de duas temporadas com Claire Foy, "The Crown" passou a ser protagonizada pela extraordinária Olivia Colman, que assume o papel da rainha Elizabeth II em uma fase mais madura. Na série, a passagem do tempo serve para aprofundar ainda mais as contradições dos personagens, que entram em conflito por conta dos deveres da realeza e dos desejos mais íntimos de cada um. Além de lidar com novos desafios políticos, como a ascensão de dois primeiros-ministros, a rainha ainda se vê diante de problemas envolvendo a irmã e o filho, o príncipe Charles (Josh O´Connor), que assume os holofotes como herdeiro do trono britânico. Na terceira temporada, "The Crown" manteve o apurado contexto histórico e a caprichada ambientação dos personagens, se colocando como a joia da Coroa da Netflix.

- The Marvelous Mrs. Maisel (Amazon Prime Video)

Depois de enfrentar o machismo e a resistência da família para atuar como comediante, Miriam Maisel (Rachel Brosnahan) finalmente sai em turnê na terceira temporada de "The Marvelous Mrs. Maisel". O cenário de Nova York, onde a história está sediada, dá espaço para outros, como Las Vegas e Miami, o que ajuda a dar mais movimento para a trama. Acompanhando os shows do cantor Shy Baldwin (Leroy McClain), Miriam amadurece o repertório de stand-up que apresenta ao público e aprende como é estar em uma longa turnê pelo país. Os problemas com a família continuam rendendo bons momentos à história, que ainda foca em um estremecimento da relação entre a personagem central e Susie (Alex Borstein), a empresária que arruma outra cliente comediante. Os diálogos verborrágicos seguem hilários e são a cereja do bolo em uma produção que continua impecável.

- The Good Fight (CBS All Access)

Poucas séries falam tanto sobre o momento atual do mundo quanto "The Good Fight", que apresentou um terceiro ano bastante crítico sobre questões políticas e sociais. O drama jurídico seguiu falando de preconceito, mas adicionou histórias muito relevantes envolvendo radicalismo, fake news e equidade salarial. Enquanto a advogada Diane Lockhart (Christine Baranski) se envolve em um grupo que ultrapassa limites para acabar com o governo de Donald Trump, os demais personagens se equilibram para enfrentar um mundo que parece estar cada vez mais radical. O elenco e as participações especiais de "The Good Fight" são um destaque da produção, que já tem a quarta temporada confirmada.

- Euphoria (HBO)

Retratar o jovem real e sem clichês nunca foi uma tarefa fácil para os produtos de entretenimento, mas "Euphoria" chegou para ocupar esse espaço. Com uma trama ágil, a série da HBO fez muito barulho ao estrear mostrando fortes cenas de sexo e consumo de drogas, mostrando que não estava disposta a uma abordagem superficial do mundo dos adolescentes de hoje. O foco da trama é Rue (Zendaya), uma jovem viciada em entorpecentes que sai da clínica de reabilitação para lidar com as muitas frustrações dessa fase da vida. A série também reserva aos coadjuvantes outras tramas pertinentes, como o uso das redes sociais, as descobertas da sexualidade e até abusos sexuais, tudo com um uma intensidade proporcional ao realismo do roteiro.

- The Boys (Amazon Prime Video)

É comum vermos os super-heróis como a esperança da humanidade, mas, e se eles fossem parte dos problemas? "The Boys" mostra um grupo de heróis controlado por uma grande corporação e que não considerada as consequências dos próprios atos. Para "salvar" o mundo, vale tudo, inclusive mentir e matar em nome da aparência. A vaidade, alimentada pela superexposição desses heróis na mídia, também é uma discussão interessante levantada pela série, que já tem uma segunda temporada confirmada. Assédio sexual e machismo são outras questões abordadas pelo roteiro, que subverte o gênero com inteligência. Encarados quase que como deuses, os super-heróis dessa produção estão bem longe das virtudes que levam ao paraíso.

- Sex Education (Netflix)

Seguindo uma linha diferente de "Euphoria", a comédia britânica "Sex Education" foca nas dúvidas e descobertas da sexualidade na adolescência, sem nenhum pudor e com humor de sobra. A primeira temporada mostrou sagacidade ao apresentar personagens que pareciam apenas retratar típicos clichês de adolescentes, mas que têm essas características desconstruídas ao longo dos episódios. O resultado dessa abordagem é uma história universal sobre seres humanos descobrindo a vida e as próprias características. Apesar de focar na trama de Otis (Asa Butterfield), filho de uma terapeuta sexual, a série reserva boas histórias aos coadjuvantes, todos muito interessantes. Não importa a nacionalidade, quando se trata de insegurança e intimidade, os jovens são mais parecidos do que podem imaginar.

- Mindhunter (Netflix)

Após uma primeira temporada focada no desenvolvimento de uma técnica de análise de psicopatas, a série produzida por David Fincher voltou para um segundo ano mais soturno e intenso. A dupla de agentes Holden (Jonathan Groff) e Bill (Holt McCallany) ganha mais recursos do FBI para aplicar as descobertas e expandir os conhecimentos sobre criminosos perigosos dos Estados Unidos. O envolvimento com esse trabalho acaba invadindo a vida pessoal de ambos e provocando conflitos com a função. "Mindhunter" tem um roteiro muito bom, alimentado por uma carga de tensão e suspense muito interessantes. Foi uma escolha muito inteligente da história dar mais destaque aos conflitos pessoais dos personagens e aproximá-los do trabalho com os psicopatas.

- Russian Doll (Netflix)

"Russian Doll" começa com dois episódios muito arrastados, mas, depois, se mostra uma grata surpresa. A comédia com toques reflexivos foca as ações em Nadia (Natasha Lyonne), a convidada de uma festa surpresa que nunca acaba. Isso acontece pelo fato de ela sempre acabar morrendo durante a celebração e, misteriosamente, revivendo para repetir os mesmos acontecimentos. Tudo isso fica mais complexo quando Nadia descobre que não está sozinha e que Alan (Charlie Barnett) também passa pela mesma experiência. Divertida, "Russian Doll" esconde no roteiro reflexões filosóficas sobre a vida, o que torna o entretenimento ainda mais interessante.

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