Como aponta a pedagoga Rosane de Machado Oliveira, “as diferenças culturais são essenciais em todas as sociedades, pois são as diferenças que fazem a diferença, é a diversidade que oferece oportunidade de conhecer o outro, de respeitar, entender, analisar e estudar os conhecimentos culturais passados, na busca de enriquecer as diversas culturas do presente”.
O ambiente escolar é fundamental para o desenvolvimento de habilidades específicas, bem como para a formação social, na qual desenvolvemos pensamento crítico, argumentação, empatia e cooperação com o próximo, convívio e respeito com as diferenças. A escola, apesar de ser um ambiente repleto de diversidade de pessoas, objetivos e sentimentos,nem sempre pôde acolher essas diferenças. Neste sentido a psicóloga Luciana Pacheco Marques aponta que durante muito tempo, negou-se a existência das diferenças no processo pedagógico. As diferenças eram percebidas como “desvio”, tendo como referencial a divisão normalidade versus anormalidade, demarcando a existência de fronteiras entre aqueles que se encontravam dentro da média e os que estavam fora desta.
Quando mantemos o foco nas diferenças, como “desvio” ou “estranho” estigmatizamos as pessoas por suas diferenças, encaixando-o em uma série de características e rótulos sociais, que impedem que possamos perceber a totalidade e a riqueza que cada indivíduo traz consigo.
Estar em comunhão com as diferenças é mais do que ser tolerante, é repensar sobre a possibilidade de ampliar, enriquecer e multiplicar sua vida quando convive com as diferenças. A diversidade é necessária entre os seres humanos, que se constituem singulares, porém impregnados de contextos coletivos.
Compreender a importância do reconhecimento das diferenças nas escolas, vai além de criar um ambiente de igualdade educacional, focado em uma pessoa. É criar mecanismos e práticas que defendem a construção, reflexão e compreensão das diferenças no ambiente escolar, incluindo as questões pedagógicas. Acompanhar a trajetória das crianças einterferir diretamente nas dinâmicas familiares é um potente espaço social de circulação para as diferenças e sendo um importante caminho para potencializar as transformações sociais.
Como profissionais terapeutas ocupacionais, temos construído nossa intervenção no campo da educação com base nas demandas concretas que atravessam a vida das pessoas com as quais trabalhamos. É imprescindível que possamos desenvolver metodologias de compreensão e intervenção que visem a autonomia, a participação e a emancipação social de maneira a criar estratégias de enfrentamento também na esfera macrossocial.
O convite final desse artigo é que possamos refletir nas intervenções práticas da escola, desafiando a possibilidade de trocas de: atividades individuais para atividades coletivas; saberes individuais que possam valorizar as habilidades das crianças; metodologias e processos avaliativos que não considerem o contexto processual; processos de individualização que criam rotinas que isolam os indivíduos considerados diferentes, para aquelas rotinas que mantenham as crianças unidas; experiências entre familiares e profissionais da saúde e educação para falar sobre diferentes fazeres; limitação da participação comunitária da escola, pelas portas abertas para fazeres dessa comunidade no seu entorno; alteração da palavra limitação por habilidade; ação de igualdade para a ação da equidade, que dá condições para que o alcance chegue a todos; dúvida no acolhimento do aluno, para o pertencimento das diferenças na potência na escola.
Autores: Prof. Rafael Eras Garcia
Jessica Caroline da Silva
Byanca Oruê Vieira dos Santos