Adalberto Vieira voou para a paz do universo - veja a coluna semanal de Vanderlei Testa
Postado em: 22/05/2021
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Por Vanderlei Testa
A beleza da vida humana sempre será traduzida pela amizade que as pessoas conquistam em sua trajetória. Nada de valores materiais ou bens entram nessa contabilidade do amor. Assim que a cada dia somos surpreendidos por notícias que chegam da partida de um ente querido. Um amigo ou parente nos toca o coração de sentimento de saudade. Nesta sexta-feira, 21 de maio, Adalberto Vieira, o conhecido “Pardal” vou alto até o céu.
Tão logo surgiram informações do seu falecimento dezenas de manifestações apareceram nas mídias sociais. Conheci o Adalberto há mais de 30 anos. Seu carisma jornalístico me ensinou muito. Quando comecei a escrever meus artigos em 2019 no jornal Cruzeiro do Sul o Adalberto era o editor responsável interino. Todas as semanas eu conversava com ele. Sua educação e generosidade durante décadas nunca foi alterada. Sorocaba perde um de seus filhos e a imprensa um profissional de alta grandeza. Ele era especialista em escrever sobre automobilismo. Viajou o mundo em busca de notícias de lançamentos de veículos. Era editor de caderno de automobilismo. Passou pela Redação desde o seu tempo de foca até ser editor com um vigor extraordinário. Não se deixava abater por dificuldades. Participou de projetos editoriais em vários segmentos da imprensa escrita. Ensinou muitos jovens estudantes de jornalismo o caminho da ética e da profissão.
Adalberto deixa um vazio imenso nos colegas da imprensa. Gostava de ser chamado de pardal. Talvez, penso aqui, que é porque se sentia um pássaro livre a curtir o espaço sem limites para voar.
Na redação do Jornal Ipanema sempre foi uma referência como amigo do Rubinho Maximiano, também especialista em automobilismo. Eram amigos inseparáveis nessa pauta que atrai os leitores de todas as faixas etárias. Adalberto Vieira é um marco na história da Associação Sorocabana de Imprensa. Na história de suas assessorias às prefeituras. Nas suas escritas perfeitas sobre os fatos e a verdade da notícia. Adalberto como disse um de seus amigos, o jornalista Carlos Araujo deixou uma sensação de grande vazio.
Val Rocha comentou: “o jornalismo sorocabano deve muito a ele”. Geraldo Bonadio, jornalista e um dos ícones na imprensa da cidade, escreveu o que transcrevemos a seguir por ser a expressão do pensamento de uma categoria profissional que sempre terá no Adalberto Vieira a sua estrela a brilhar no céu junto a outros colegas de Sorocaba que hoje “escrevem na imprensa do paraíso”. Disse o Geraldo Bonadio: “Adeus a um amigo de muitos momentos".
Quando, em 1979, sob a coordenação de Armando Oliveira Lima, eu, Alcides Nicéas e Antonio R. Figueiredo resolvemos somar forças para, através das entidades a cuja direção pertencíamos - Gabinete de Leitura, Associação Sorocabana de Imprensa e Associação dos Advogados de Sorocaba -, realizar, na velha casa de Maylasky a Semana das Liberdades, delegamos ao Adalberto Vieira, que acaba de nos deixar, a tarefa de trazer a Sorocaba o jornalista Fernando Morais, a quem caberia fazer a palestra de abertura, numa noite de domingo.
Morais, repórter da Veja nos bons tempos do Mino Carta, vendera uma batelada enorme de exemplares de A Ilha, livro de bolso em que expandira a reportagem sobre Cuba, produzida para o semanário da Abril. Era vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas numa diretoria comandada por ninguém menos que Audálio Dantas e acabava de ser eleito como deputado à Assembleia Legislativa com votação consagradora.
Adalberto, que todos chamávamos de Pardal, exercia o jornalismo no Cruzeiro do Sul e viajava nas madrugadas para São Paulo, onde, como aluno da Cásper Libero, buscava o diploma que o credenciaria a obter o registro na profissão, à qual aportara após longo tempo como assessor de Ica Pereira da Silva, no comando da ainda pujante Cianê, função na qual adquiriu, também, tiques nervosos dos quais levaria anos para se livrar.
Colega de classe de um assessor do jornalista e deputado, acertou com ele os detalhes da sua vinda a Sorocaba que, contra todos os prognósticos, lotou as dependências do Gabinete, mesmo na ausência de qualquer representante do mais do que conservador MDB local.
Estivemos próximos em muitos momentos da vida.
Eu e a Mari fomos convidados para testemunhar o seu casamento com a Laurie, em cerimônia presidida por um pastor evangélico. A rolagem do tempo nos distanciou, sem afrouxar os laços de estima e respeito. Voltamos a conversar, há poucos meses, sobre momentos da vida da cidade que ele conhecia melhor do que ninguém – mas eis que chega a Roda Viva e carrega o Adalberto daqui para melhor.”