As manifestações de munícipes que não conseguiram concretizar – ou mesmo não sabem sequer se conseguiram – o cadastro no levantamento habitacional “Bem Morar” estão tomando conta das redes sociais.
Apontada por muitos como "pouco amigável" às pessoas menos familiarizadas com o ambiente virtual, a plataforma foi "acusada" de possuir "vários problemas que teriam impossibilitado muitas pessoas de concluírem o cadastro". Ao todo, mais de 20 mil famílias não concluíram o procedimento.
O vereador Péricles Régis (MDB) afirma que o dado "é preocupante", principalmente porque "há divergências de informação: afinal o cadastro quer apenas traçar uma dimensão do déficit habitacional na cidade ou já é um levantamento definitivo para futuros empreendimentos imobiliários da cidade?"
“Não houve nenhuma ajuda para a população e o site dava muito erro”, escreveu Edu Borges, segundo Péricles, em uma postagem sobre o "Bem Morar" no Facebook. “Lá estava pedindo para que eu enviasse fotos da minha carteira de trabalho, mas não abria nenhuma janela para fazer isso”, critica Thalita Moraes, conforme o vereador. Já Claudete Vieira disse que antes de concluir o processo recebeu mensagens de erro: “Surgia o problema e não permitia avançar para a próxima página do cadastro”, relata.
Em seu requerimento encaminhado à Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária, Péricles questiona principalmente a finalidade do levantamento, que inicialmente foi divulgado apenas como um cadastro que teria como única missão levantar a demanda por moradias em Sorocaba. “O problema é que quando entrei em contato com o secretário Sérgio Barreto, titular da Habitação, por telefone, este disse o oposto do que havia informado no plenário da Câmara, alegando desta vez, diretamente para mim, que o Bem Morar trata-se na verdade de um cadastro definitivo a ser usado em futuros programas habitacionais e que os prazos não seriam reabertos em outras ocasiões”.
Entre os questionamentos enviados ao Executivo, o parlamentar pergunta se o fato das informações sobre o Bem Morar estarem prioritariamente em ambiente virtual não acaba restringindo o acesso da população mais carente a dados. O vereador também pergunta se houve pela cidade serviços que funcionaram como forma de atender a população e ajudar com as dúvidas. “Informalmente, recebemos a informação de que o único caminho mesmo era pela internet, porém como exigir que um idoso, um PCD ou qualquer pessoa que tenha dificuldades, encontre facilidade nesse processo?” questiona Péricles.
O requerimento também pede um balanço final do número de inscritos, uma vez que o processo foi encerrado em 12 de fevereiro. Péricles quer saber o perfil dos inscritos: quantas famílias, pessoas solteiras, homens e mulheres chefes do lar se inscreveram, além de questionar sobre a renda dos inscritos a fim de entender se as famílias mais pobres, inclusive assistidas pelos programas sociais da cidade, conseguiram cadastrar-se. “Se os mais pobres ficaram fora, o levantamento já nasce deficiente”, conclui o vereador.
O requerimento tem prazo de até 30 dias para ser respondido pelo Executivo.