27 de Abril de 2024
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Transferência de escola privada para pública em SP aumenta 29% durante a pandemia

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Postado em: 07/10/2020

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Jovem Pan News

O número de transferências de alunos da rede privada para a escola pública no Estado de São Paulo aumentou 29% durante a pandemia: foram 10.916 registradas entre janeiro a agosto do ano passado – já em 2020, o número chegou em 14.093 no mesmo período. Entre muitos fatores, a questão financeira foi o que pesou na decisão de famílias como a da professora Heloize de Souza Alves, mãe do Matteus, de 11 anos. Em março, ela transferiu o filho para a rede pública. “Por estar cuidando da vida dele sozinha, seria praticamente impossível continuar custeando o valor da mensalidade, do transporte e todos os outros custos que estudar em uma escola particular traz”, explicou.

Ela gastava, por mês, R$ 1 mil de mensalidade e R$ 140 de transporte, além de custos adicionais com uniforme, material e impressões. Heloize já cogitava tirar o filho da rede particular e a pandemia acelerou esse processo. “Essa mudança de escola já tinha passado pela minha cabeça por não concordar com algumas coisas pedagógicas relacionadas à particular que ele estava e por ser defensora da escola pública, porque atuo nela e sou fruto dela. Ele nunca mais vai voltar para escola particular. Nesse sentido, eu até agradeci a situação de pandemia porque esse já era um desejo meu”, completou. Matteus, que está no 6º ano do Ensino Fundamental, sentiu bastante a mudança. “Foi bem doloroso o processo de transição porque ele estudava lá desde o 1º ano, então ele tinha vínculos com as crianças, professores e o ambiente da escola. Foi difícil conversar com ele e mostrar que ele tem tudo isso na escola pública, que ele não precisa perder o contato com esses amiguinhos da escola anterior e que tudo iria ficar bem.”

Já com a família da vendedora Márcia Oliveira, mãe de Bruno, de 16 anos, a transferência aconteceu por outro motivo. “No início da pandemia ninguém sabia dizer como as aulas iriam ficar, até que vieram as aulas online. Quando as aulas começaram, o Bruno falava para mim que não conseguia acompanhar, que tinha muita dificuldade e não conseguia entender o conteúdo. Depois veio a questão da limpeza em excesso, ele usava um litro de álcool por dia. As mãos ficaram muito vermelhas e ásperas”, disse. Quando começaram os boatos de que as aulas das escolas particulares iriam voltar antes da rede pública, Bruno ficou muito apavorado. “Essa questão da limpeza e da falta de concentração, tudo isso afetou muito o psicológico dele.”

Saúde mental

A saúde mental das crianças e dos adolescentes, inclusive, está sendo muito afetada desde o começo da pandemia. Heloize de Souza, por exemplo, conta que seu filho Matteus tem apresentado angústia e ansiedade durante as adaptações provocadas pela pandemia. “Pesadelos, choros, todo tipo de insegurança devido a pandemia e todas as mudanças, de escola, de rotina. Quando eu vi que estava grave, eu procurei ajuda porque tive a sensação de que iria enlouquecer e de que não daria conta. Eu também preciso desse apoio psicológico, mas não tenho condições financeiras de custear para o Matteus e para mim”, disse a mãe, que vive na Zona Sul da cidade de São Paulo. “É impossível conseguir explicar para uma criança de 11 anos todo esse cenário de pandemia, política, social… Tudo isso que a pandemia veio esfregar na nossa cara, que é impossível manter uma criança totalmente distante desta realidade, ainda que em poucos momentos ele tem contato com essa notícias. Tentar explicar tudo isso sem apoio psicológico, sem causar confusão na cabeça da criança, é impossível”, complementou.

No caso de Bruno, o ócio e a falta de companhia fez com que doenças psicossomáticas surgissem. “A falta de convivência com os amigos interferiu, sim. Por nós morarmos em Vargem e ele estudar em outro município, sempre tinha aquela situação de aulas extras, de ele ficar depois do horário. Aí ele almoçava com os amigos, sempre ficava com os amigos. Desde o começo da pandemia, isso acabou. Os adolescentes se fecham demais nessa idade. Então, foi reduzindo o contato com os colegas. Só durante as aulas eles trocavam algumas palavras. Do contrário, não”, comentou a mãe. “O fato de eu ficar fora o dia todo, ele ficar sozinho, ele dizia que ficava pensando na pandemia. É um tempo ocioso. Ele está passando com psiquiatra e psicóloga uma vez por semana. Ele só sai de casa para ir até a casa da namorada”, finalizou Márcia, que ainda não sabe se colocará o filho de volta à escola particular quando a pandemia estiver controlada.

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