23 de Abril de 2024
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Transexual abraçada por Drauzio Varella na TV foi condenada por estupro e morte de criança

Foto: Reprodução/TV Globo
Postado em: 09/03/2020

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Folhapress

 

Suzy Oliveira, detenta transexual abraçada pelo médico Drauzio Varella na edição de 1º de março do Fantástico, da TV Globo, cumpre pena em Guarulhos (SP) por estuprar e matar uma criança com menos de 14 anos usando meio cruel e recurso que impossibilite a defesa da vítima, segundo informou a Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo (SAP).

 

A secretaria não divulga o nome de registro da detenta, mas indica os artigos do Código Penal que levaram à condenação. A reportagem mostrava a situação de pessoas transexuais no sistema penitenciário, e Suzy foi uma das entrevistadas.

"Há quanto tempo você está sem receber nenhuma visita na cadeia?", pergunta Drauzio, que conduziu a reportagem e é voluntário no sistema penitenciário desde 1989. "Oito anos, sete anos", responde a detenta. Ele diz: "Solidão, né, minha filha", e dá um abraço na entrevistada.

A cena provocou uma mobilização de internautas para que Suzy recebesse cartas, num movimento incentivado inclusive pelo governo paulista, que divulgou o endereço da unidade em que ela está, a Penitenciária José Parada Neto. A partir daí ela recebeu centenas delas, livros, bíblias, chocolate e maquiagens, entre outras coisas.

A produção não informava, entretanto, por qual motivo as entrevistadas haviam sido condenadas, o que provocou especulações ao longo dos dias seguintes dada a extensão de sua pena e o fato de ela não poder progredir para regime semiaberto.

Neste fim de semana, quando sites e contas em redes sociais passaram a divulgar o motivo da condenação, depois confirmado pela SAP, o médico e a emissora se tornaram alvos de críticas e ataques nas redes sociais, capitaneados por personalidades conservadoras e bolsonaristas, mas disseminados também em outros grupos.

Uma das filhas do médico disse em rede social que passou a receber ameaças físicas, que serão denunciadas. No fim da tarde desta segunda, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se manifestou sobre o caso, declarando que "enquanto a Globo tratava um criminoso como vítima, omitia os crimes por ele praticados".

 

O presidente enalteceu "a internet livre" por disseminar a razão do crime e lamentou o veto à prisão perpétua na Constituição.

Mais cedo, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, chamara a TV globo de "lixo" "a serviço do mal", e o procurador da República Ailton Benedito escrevera que "está claro que um dos objetivos da "reportagem" era ocultar a verdade sobre os crimes das transexuais, para obter apoio da sociedade enganada para a causa político-ideológica da Globo."

Houve reações do lado da esquerda, como da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que afirmou que a condenação ao abraço de Drauzio veio de pessoas quem votaram em "um homem que elogia torturadores".

A maior parte das críticas, no entanto, não ocorreu pelo abraço dado pelo médico, mas pela omissão na reportagem do crime que levou à condenação, o que teria gerado simpatia pela personagem e levado centenas de pessoas a enviarem cartas afáveis a ela.

No fim do domingo (8), Drauzio publicou nota em suas redes sociais em que disse que não perguntou os crimes cometidos pelas entrevistadas e afirmou ser médico, não juiz.

"Há mais de 30 anos, frequento presídios, onde trato da saúde de detentos e detentas. Em todos os lugares em que pratico a Medicina, seja no meu consultório ou nas penitenciárias, não pergunto sobre o que meus pacientes possam ter feito de errado. Sigo essa conduta para que meu julgamento pessoal não me impeça de cumprir o juramento que fiz ao me tornar médico. No meu trabalho na televisão, sigo os mesmos princípios. No caso da reportagem veiculada pelo Fantástico na semana passada (1/3), não perguntei nada a respeito dos delitos cometidos pelas entrevistas. Sou médico, não juiz."

Na mesma noite, o "Fantástico" voltou ao tema em nota lida pelos apresentadores na qual responde que não informou o motivo que levou as detentas à prisão porque "este não era o objetivo da reportagem". A produção abordava as condições de vida das detentas, mas não questionava o sistema judicial nem advogava contra as razões da prisão.
O texto institucional afirma, também, que o "Fantástico" apoia integralmente a nota de Drauzio.

 

A própria Suzy, por meio de sua advogada, divulgou uma carta na qual apresenta-se também pelo nome Rafael Tadeu e diz não ter sido indagada sobre o motivo de sua condenação. "Eu sei que errei e muito. [Em] Nenhum momento tentei passar como inocente e desde aquele dia me arrependi verdadeiramente, e hoje estou aqui pagando por tudo que cometi."

Drauzio afirmou que não vai se pronunciar sobre o caso além do que já declarou na nota.

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