16 de Outubro de 2024
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Theatro Municipal de SP teve R$ 659 mil desviados do caixa de sua bilheteria

Postado em: 06/09/2019

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FOLHAPRESS

O Theatro Municipal de São Paulo teve R$ 659 mil desviados de suas bilheterias. A empresa contratada para fazer a venda dos ingressos, de acordo com documentos da prefeitura paulistana, apropriou-se do dinheiro.

O desvio dos recursos ocorreu em setembro e outubro de 2017, período em que houve as apresentações da ópera “Nabucco”, de Giuseppe Verdi, e um concorrido concerto da Orquestra Sinfônica no qual o pianista João Carlos Martins executou solos em três obras.
A empresa responsável pela comercialização era a Bilhetron.com, que usa o nome fantasia Compreingressos.com.

O caso do “golpe do Municipal”, como ficou conhecido o episódio na Secretaria Municipal de Cultura, é um dos motivos que levaram um grupo de trabalho do órgão a apontar irregularidades nas contas do Instituto Odeon, contratado por R$ 556,9 milhões para gerir o teatro fundado em 1911.

O Odeon levou sete meses para informar a prefeitura sobre o fato e só em setembro do ano seguinte recorreu à Justiça para tentar recuperar os valores, o que ainda não ocorreu.

A Bilhetron.com, que ainda não apresentou defesa no processo, foi criada em 1993 com outro nome e finalidade –se chamava então Bar e Lanches Forrozão dos Nordestinos.

Atuava havia três anos no Municipal e em 1º de setembro de 2017 assinou um novo contrato de trabalho, válido por dois meses, com a Odeon, que naquele mesmo dia assumia a gestão do teatro.

À época desse novo termo, já era uma empresa com problemas na Justiça. Uma pesquisa rápida no site do Tribunal de Justiça de São Paulo teria revelado que, meses antes, tinha sido processada sob a acusação de não ter pago R$ 313 mil referentes a uma reforma.

Também era acionada por dívidas imobiliárias de R$ 151 mil.

No processo que move contra a Bilhetron.com, a administradora do Municipal afirma ter realizado insistentes tentativas de reaver o dinheiro, mas que a empresa alegava passar por dificuldades.

Em dezembro de 2017, a Bilhetron.com admitiu a dívida num termo no qual se comprometeu a restituir os valores por meio de um sinal e de quatro parcelas. Cerca de R$ 222,2 mil foram transferidos e nada mais.

Considerando multa e juros, de acordo com a petição inicial do processo, a dívida estaria hoje em R$ 562 mil.

A Justiça chegou a decretar a penhora das contas da empresa, mas havia só R$ 161,30 em um banco e R$ 16,14 em outro.

Procurada para dar sua versão sobre o caso, a Bilhetron.com não respondeu. A advogada da empresa, Camila Zerbini, questionou o interesse da reportagem sobre o assunto, afirmando que se trata de uma situação que envolve duas empresas privadas. Disse ainda que “tomaria todas as providências necessárias”.

O Odeon afirma que registrou o caso na polícia em novembro de 2017 e que não avisou imediatamente a prefeitura, pois iniciara uma negociação para recuperar os valores.

“O Municipal foi o único a recuperar um terço do dinheiro, um total de R$ 222.299”, disse, em nota, referindo-se à existência de outras ações de cobrança contra a empresa. O instituto cita processo movido pelo Teatro Bradesco da ordem de R$ 2,5 milhões.

O Odeon informa que avisou a prefeitura e entrou com o processo após a empresa ter deixado de pagar as parcelas acordadas. O instituto diz também que a Bilhetron.com era prestadora de serviços do teatro desde julho de 2014, portanto, 38 meses antes do Odeon assumir a gestão do Municipal.

“O Odeon manteve a empresa para não paralisar as atividades”, diz, sobre o contrato válido por dois meses.

No final de 2018, o então secretário de Cultura, André Sturm, pediu a rescisão do termo com o Odeon. Um dos motivos alegados era a “inconsistência em dados de bilheteria”.

No início deste ano, porém, Alê Youssef, novo secretário de Cultura, suspendeu o processo, mantendo a entidade à frente da gestão do teatro.

Um grupo de trabalho, criado para investigar a atuação do instituto, rejeitou em junho as suas contas.

No mês passado, os membros da investigação foram demitidos pelo prefeito Bruno Covas.

A administração municipal afirmou que não há relação entre a reprovação das contas e as exonerações.

A Secretaria da Cultura disse à reportagem que “cabe ao Instituto Odeon a responsabilidade sobre a contratação de terceiros”. Em nota, afirmou que as contas da entidade foram analisadas pelo grupo de trabalho nomeado por Youssef e que a questão dos ingressos foi apontada no relatório final.

Informou ainda que o Odeom tem até a segunda quinzena deste mês para apresentar suas justificativas. “Caso tenha havido alguma irregularidade será exigido o retorno aos cofres públicos dos valores faltantes”.

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