Júlia Barbon, Cátia Seabra, FOLHAPRESS
A defesa do ex-presidente Michel Temer deve tentar evitar o depoimento marcado para a manhã desta sexta (22) na sede da superintendência da Polícia Federal no Rio, no centro da cidade, onde está preso desde as 18h40 desta quinta (21).
A defesa afirma que, até o fim da noite, a polícia não havia avisado que haveria depoimento e alega que ainda não há um inquérito instaurado, mas apenas uma representação do Ministério Público Federal. O inquérito, no entanto, já foi sim instaurado.
O ex-ministro Wellington Moreira Franco e o coronel João Baptista Lima, presos no Batalhão Especial Prisional (BEP), unidade gerida pela Polícia Militar do Rio em Niterói, na região metropolitana da capital, se deslocaram à unidade para depor.
Temer está no terceiro andar do prédio, em uma sala de 20 m2 que era usada pelo corregedor da PF e foi improvisada para recebê-lo. O local tem banheiro privativo, janela, ar-condicionado, frigobar, sofá e mesa de reunião. Uma cama de solteiro foi providenciada, e uma TV também seria levada ao local.
À noite, agentes ofereceram comida ao ex-presidente, mas ele não quis jantar. Ele recebeu uma visita do ex-ministro da Secretaria de Governo Carlos Marun (MDB-RS), um dos seus mais fiéis escudeiros, que disse que ele está tranquilo, porém triste. O cardápio do café da manhã não foi informado.
Em Niterói, Moreira Franco e Lima comeram pão com manteiga e café com leite. O prato do almoço e jantar será sempre composto por arroz ou macarrão, feijão, farinha, carne branca ou vermelha, legumes, salada, sobremesa e uma bebida, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária do RJ. O lanche da tarde tem guaraná e novamente pão com manteiga ou bolo.
Inicialmente, o juiz Marcelo Bretas havia determinado que Temer fosse enviado à mesma unidade onde estão Moreira Franco e Lima. Reservada a policiais, o local mantém hoje o ex-governador Luiz Fernando Pezão, acusado de participar do esquema de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral.
No entanto, depois de um pedido da defesa de Temer e após consulta à Polícia Federal, que afirmou ter condições de custodiar o ex-presidente, o juiz decidiu pela prisão na PF. Ele defendeu tratamento semelhante ao dado ao ex-presidente Lula, preso desde abril de 2018 na unidade de Curitiba.
Na decisão, Bretas determinou que a Polícia Federal forneça, se tiver condições, “itens mínimos” compatíveis com os oferecidos a Lula. Temer foi preso na manhã desta quinta na Operação Descontaminação, que apura corrupção em obras da usina nuclear Angra 3.