O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) emitiu uma nota oficial, na tarde desta sexta-feira (12), para anunciar que, além das ações sindicais, a entidade protocolou junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) uma representação requerendo que este órgão faça apuração, sobre as cerca de 100 demissões ocorridas na ZF do Brasil e Bosch, durante esta semana, por justa causa.
A Associação dos Trabalhadores Lesionados de Sorocaba (ATL) já havia informado na quinta-feira (11) que também iria procurar medidas judiciais contra as demissões.
Ainda na nota, o SMetal disse repudiar a atitude da multinacional. Ele informou já ter enviado pauta de reivindicações às empresas para averiguar o ocorrido e vem prestando todo o suporte jurídico aos demitidos, além das ações políticas deliberadas pelos trabalhadores, cumprindo assim seu “mister”.
As demissões ocorreram, segundo a empresa, após uma auditoria que revelou que cerca de 4 mil atestados apresentados nos últimos 18 meses são assinados por um médico investigado por produzir atestados supostamente falsos.
Ainda segundo a nota do sindicato, “nos comunicados de dispensa dos trabalhadores consta como justificativa para a demissão por justa causa a ‘apresentação de atestados médicos falsos’, o que leva a crer que a reportagem televisiva do programa ‘Fantástico’, da Rede Globo, exibida no dia 23 de junho, fundamentou as referidas demissões. Embora a reportagem narre possíveis atos ilícitos da clínica, ela não traz prova cabal de que os trabalhadores demitidos se beneficiavam dos atestados”.
Ao demitir os trabalhadores por justa causa alegando a utilização de supostos atestados falsos, o SMetal argumenta que “as empresas tentam vincular a imagem desses demitidos à reportagem, tolhendo deles o direito à ampla defesa e ao devido processo legal, fazendo com que a opinião pública os condenasse sumariamente, sem direito de resposta.
Posicionamento da ZF do Brasil
Por meio de nota, a assessoria da ZF do Brasil informou à redação que a veiculação da reportagem “veio ao encontro de situação fática que há tempos chama atenção dentro das unidades de Sorocaba e Itu da ZF do Brasil, qual seja a reiterada apresentação por seus trabalhadores de atestados médicos emitidos pelo médico, como meio para abonar ausências no trabalho”.
Após a realização de auditoria na empresa, a ZF apurou que nos últimos 18 meses (2018 e 2019), apenas do profissional médico investigado, foram encontrados quase 4 mil atestados, para mais de uma centena de empregados da ZF, abonando milhares de faltas.
“Tendo em vista a dimensão da fraude a que a empresa está sendo vítima, causando prejuízo na casa de alguns milhões de reais, a ZF do Brasil, em 5 de julho, procurou o Ministério Público, juntamente com outras empresas da região também vítimas da fraude e solicitou a apuração dos fatos inicialmente narrados pelo trabalho jornalístico, juntamente com aqueles constatados nas empresas lesadas na Região de Sorocaba”.
Por, fim na nota, a ZF do Brasil diz “renovar sua fé na atuação diligente e implacável das autoridades e Instituições Brasileiras, seja na apuração da conduta do profissional médico, como também daqueles trabalhadores que preferiram optar pela fraude, ao invés do trabalho comprometido que os mais de 5000 empregados da empresa dedicam à ZF nos seus 60 anos de Brasil”.
Bosch
Segundo a assessoria da Robert Bosch Limitada, “em decorrência à matéria veiculada pelo Fantástico em 23 de junho deste ano, a Bosch informa que realizou ontem, dia 11, o desligamento de funcionários que apresentaram atestados falsos da clínica de acupuntura denunciada pela reportagem. A Bosch ressalta ainda que procurou o Ministério Público para denunciar a situação e que age dentro da legalidade e respeitando seus princípios corporativos de Código de Conduta”.