19 de Abril de 2024
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Psiquiatra Ronaldo Laranjeira se posiciona contra PL que libera cultivo de cannabis no Brasil

Foto: reprodução
Postado em: 11/06/2021

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O renomado psiquiatra Ronaldo Laranjeira, Professor Titular de Psiquiatria da UNIFESP, conselheiro gestor da Uniad (Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas) concedeu entrevista no Jornal da Manhã da Jovem Pan Sorocaba, nesta sexta-feira (11).


Assista abaixo na íntegra

 
Na oportunidade, ele falou sobre o combate às drogas, o atendimento ao dependente químico para recuperá-lo e também mostrou seu posicionamento contra o Projeto de Lei 399/15 sobre a legalização do cultivo da cannabis no Brasil para fins medicinais, veterinários, científicos e industriais, planta também usada para produzir a maconha, o qual ele apelidou de "Marco Regulatório da Cannabis". "Se autorizarmos a plantação, quem vai se beneficiar disso é o crime organizado. Não vai ser o pai que tem um filho que não para de convulsionar e vai fazer uma plantação de maconha em casa. O crime organizado vai fazer centenas de pontos de plantação no Brasil e tornará o tráfico mais fácil no Brasil", disse.

 
Laranjeira também conversou no ar, durante a entrevista, com o prefeito Rodrigo Manga, que já realiza um trabalho frente ao combate à dependência química e também é vice-presidente de Políticas contra as Drogas da Frente Nacional dos Prefeitos. O psiquiatra cumprimentou Manga por seu trabalho e pediu seu apoio para que o PL seja retirado de pauta.



 
Entenda o PL 399/2015
 

O Projeto de Lei (PL) 399/15, que regulamenta o plantio de maconha, denominada Cannabis sativa, para fins medicinais e a comercialização de medicamentos que contenham extratos, substratos ou partes da planta, foi aprovado na terça-feira (8) na comissão especial da Câmara dos Deputados que analisou o tema.

 

Houve 17 votos favoráveis e 17 contrários à proposta, aprovada com o voto do relator, Luciano Ducci (PSB-PR), que desempatou o placar. Como a matéria tem caráter conclusivo, ela seguirá para o Senado, caso não haja um recurso de 51 deputados (10%) para que seja votada em plenário.

 

A proposta altera a Lei 11.343/06, que institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas e que autorizou o plantio de vegetais como a Cannabis para fins científicos ou medicinais, em local e prazo determinados, mediante fiscalização.

 

Segundo o relator, o projeto apenas regulamenta a legislação vigente e vai ajudar as famílias de pacientes que não responderam bem a outras terapias ou tiveram efeitos colaterais com medicamentos disponíveis no mercado.

 

Estudos indicam que os derivados da planta podem ser utilizados no tratamento de doenças como Alzheimer, Parkinson, glaucoma, depressão, autismo e epilepsia. Além disso, há evidências conclusivas da eficácia dos canabinoides contra dores crônicas; no tratamento de câncer, apresentando efeitos antitumoral e também contra enjoos causados pela quimioterapia e no tratamento da espasticidade causada pela esclerose múltipla.

 

Comercialização

 

O texto apresentado pelo relator prevê que medicamentos canabinoides poderão ser produzidos e comercializados em qualquer forma farmacêutica permitida (sólida, líquida, gasosa e semi-sólida) e sem restrição quanto aos critérios para sua prescrição.

 

Pela proposta, a prescrição do medicamento será de acordo com a opção do médico e de comum acordo com o paciente, sem a necessidade que sejam esgotadas todas as alternativas terapêuticas para somente então se prescrever os medicamentos canabinoides.

 

Plantio

 

O projeto estabelece, ainda, que o cultivo de plantas de Cannabis para fins medicinais será feito exclusivamente por pessoa jurídica, “previamente autorizada pelo poder público”. As sementes ou mudas usadas deverão ter certificação, que só poderá ser feita em local fechado, como uma estufa ou outra estrutura adequada ao plantio de plantas.

 

Os locais também deverão ser planejados para impedir o acesso de pessoas não autorizadas, bem como garantir a contenção e a não disseminação das plantas no meio ambiente. Esses locais deverão contar com sistema de videomonitoramento, restrição de acesso, sistema de alarme de segurança e cercas elétricas.

 

O texto estabelece, ainda, que os cultivos terão uma cota pré-definida que deverá constar do requerimento de autorização. Além disso, as plantas de Cannabis destinadas ao uso medicinal serão classificadas como psicoativas (aquelas com teor de THC superior a 1%), e como não psicoativas (aquelas com teor de THC igual ou inferior a 1%). O THC (tetra-hidrocarbinol), composto da família dos fenóis, é o principal componente da planta da maconha.

 

Os cultivos terão ainda que obedecer a requisitos de controle, tais como: rastreabilidade da produção, desde a aquisição da semente até o processamento final e o seu descarte; plano de segurança para a prevenção de desvios; e presença de um responsável técnico, que se responsabilizará pelo controle dos teores de THC, constantes das plantas.

 

O projeto também permite que o cultivo de Cannabis e a fabricação de produtos contendo canabinoides possam ser realizados por farmácias do Sistema Único de Saúde (SUS), que, atualmente, são responsáveis pelo cultivo, coleta, processamento e armazenamento de plantas medicinais, usadas em tratamentos medicinais e fitoterápicos. Segundo Ducci, as farmácias vivas podem ser outra maneira de melhorar o acesso dos pacientes ao medicamento.

 

Cânhamo

 

O texto trata ainda do chamado uso industrial da Cannabis, pela comercialização de produtos derivados do cânhamo, uma versão da Cannabis que não tem condições de causar efeitos alucinógenos por causa da baixa concentração de THC encontrada na planta.

 

De acordo com Ducci, o uso industrial da planta pode resultar na produção “desde a fibra, a celulose e a resina, passando pelos cosméticos, produtos de higiene pessoal, até suplementos e gêneros alimentícios”.

 

“Entendemos que o cânhamo industrial tem o potencial de abrir um novo segmento comercial no Brasil e se tornar uma nova matriz agrícola, uma vez que ele faz parte de um mercado mundial multibilionário devido a sua versatilidade. Vários países estão em estágio avançado nesse aspecto”, disse.

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