Marcelo Toledo, Folhapress
Horas depois de o governo João Doria (PSDB) anunciar o rebaixamento de Marília no plano São Paulo e o consequente fechamento do comércio na região, o prefeito Daniel Alonso, do mesmo partido, publicou vídeo em redes sociais da prefeitura afirmando que não seguirá a determinação do estado e vai manter o comércio aberto na cidade.
A aceleração de internações fora da capital fez o governo retroceder na flexibilização nas regiões de Marília e Registro, juntando-se a outras três regiões que recuaram anteriormente, Ribeirão Preto, Presidente Prudente e Barretos. Algumas prefeituras dessas regiões, porém, insistiram em manter o comércio aberto, mas foram barradas pela Justiça.
Marília e Registro deixaram a fase laranja do plano, que permite comércios abertos, e voltaram à vermelha, em que há previsão de funcionamento só de atividades essenciais.
Apesar disso, Alonso disse que a avaliação do estado considera a região toda e que, se for levada em conta apenas a realidade da cidade, ela poderia não só seguir na zona laranja, mas avançar para a amarela, a terceira.
São cinco os pontos avaliados pelo estado para definir pelo afrouxamento ou pela ampliação das medidas restritivas. "No quesito ocupação de leitos estamos na faixa verde, no de leitos disponíveis para cada 100 mil habitantes, verde. Na variação de casos, segundo o estado, verde. Na variação de óbitos, laranja, e, na variação de internações, vermelho [...] Quando trazemos a realidade para Marília, a variação de internações sai da vermelha e sobe para a verde", disse.
De acordo com Carlos Carvalho, coordenador do comitê contra o coronavírus, houve aumento de internações de 67% em Marília e de 51% em Registro. Segundo o médico, também foi emitida uma nota técnica sugerindo aos prefeitos de Campinas e Sorocaba o endurecimento da quarentena.
Alonso afirmou que a decisão foi tomada após reuniões com sanitaristas, epidemiologistas, infectologistas e dirigentes de saúde do município e que não seguirá para a flexibilização que acredita ser possível –fase amarela– por "prudência".
Ainda conforme ele, o problema não está no comércio, nos shopping centers ou nos restaurantes, mas nas festas que acontecem em chácaras aos finais de semana.
"Muito provavelmente essas pessoas [que ele cita ter visto em filas para ir a chácaras] não estavam usando máscaras, não estavam fazendo a higienização com água e sabão, lavando as mãos ou usando álcool em gel."
JUSTIÇA
Ele não é o único a questionar a decisão do governo Doria. Desde a última segunda-feira (15) o comércio não essencial das regiões de Ribeirão Preto, Presidente Prudente e Barretos deveria permanecer fechado, mas não foi isso o que ocorreu. Ao menos não imediatamente.
O prefeito de Barretos, Guilherme Ávila (PSDB), manteve o comércio aberto e a Justiça determinou o fechamento após ação do Ministério Público. Ele recorreu, mas perdeu e teve de publicar novo decreto com medidas restritivas, o que fez nesta sexta-feira (19).
Olímpia, que manteve até bares abertos, teve pedido de reclassificação da sua situação rejeitado pela Justiça. A prefeitura recorreu, mas um novo decreto, deixando-a na zona vermelha, foi publicado na sexta.
Já em Dracena, na região de Presidente Prudente, a prefeitura tinha decretado a manutenção do funcionamento das atividades comerciais, também incluindo bares e restaurantes desde que com lotação máxima de 20%, mas a Promotoria também ingressou com ação e a Justiça concedeu liminar favorável ao fechamento do comércio, o que ocorreu na quinta-feira (18).
O anúncio do rebaixamento de Marília e Registro foi feito no Palácio dos Bandeirantes, na zona oeste de São Paulo, em coletiva sobre medidas contra a pandemia. Atualmente, SP passou dos 200 mil casos.
Semanalmente, a gestão Doria faz um balanço do chamado Plano SP, que trata das ações de reabertura no estado.
Dependendo dos índices que alcançarem, as regiões de SP podem tanto ser autorizadas a reabrir novos setores da economia quanto ser obrigada a fechar.
Após o início da flexibilização, as ruas do estado lotaram de pessoas, que fizeram filas para entrar nos comércios.