25 de Abril de 2024
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Polícia prende membro do governo municipal, investigado por ação fraudulenta em empresa privada

Postado em: 12/05/2021

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O secretário de Recursos Humanos da Prefeitura de Sorocaba, Rodrigo Onofre, foi preso preventivamente nesta manhã de quarta-feira (12), na "Operação Noteiras", força-tarefa que investiga crimes como lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e documental em um esquema de fraude de R$ 200 milhões aos cofres paulistas por empresas de iniciativa privada do setor de plástico.


Onofre é considerado pela Secretaria da Fazenda como o responsável pela organização das empresas fraudulentas utilizadas pela quadrilha. Ele se apresentou à Polícia Civil e deve ser encaminhado a São Paulo, onde prestará depoimento. O Dope (Departamento de Operações Policiais Estratégicas) realizou os cumprimentos de mandados de prisão e apreensão em Sorocaba.

 

Conforme a Prefeitura de Sorocaba por meio de nota, "o caso em questão não tem relação com a Administração Municipal. As informações que foram passadas é que se trata de um trabalho prestado anos atrás pelo secretário a uma empresa da iniciativa privada que está sob investigação". A prefeitura não respondeu se ele continuará no cargo.


No site da Prefeitura de Sorocaba, Onofre é apresentado como "Bacharel em Direito pela Universidade de Sorocaba (Uniso). Pós-graduado em Direito do Trabalho e Processual do Trabalho pela Faditu. Foi analista financeiro de empresa multinacional; assessor jurídico na Câmara Municipal de Sorocaba; consultor financeiro independente e analista administrativo na iniciativa privada. Foi membro da Comissão de Direito do Trabalho da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - Subseção de Sorocaba. Ocupou o cargo de secretário jurídico da Câmara Municipal de Sorocaba e atuou, desde 2017, como assessor jurídico no Legislativo sorocabano".


Na mesma operação, um casal, responsável por um complexo contendo sete empresas, também foi preso em Sorocaba suspeito de possuir débitos milionários no Fisco paulista inscritos em dívida ativa superiores a R$ 1 bilhão. Este casal é considerado o principal alvo da operação. Agentes que cumprem os mandados foram até a empresa, localizada na rodovia Raposo Tavares, KM 93.

No total, 11 pessoas foram presas no estado de SP.


A ação ocorre simultaneamente em Alagoas e São Paulo.


A força-tarefa conta com a participação de Policiais do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (DOPE) da Polícia Civil e equipes da Polícia Militar do Estado de São Paulo para apoio e cumprimento de 37 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de prisão no Estado de São Paulo, nas regiões de Sorocaba, Votorantim, Pilar do Sul, Indaiatuba e Guarulhos - em Alagoas serão cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e 10 de prisão.

A ação tem a participação de mais de 200 agentes públicos (entre agentes fiscais de rendas, procuradores do Estado, promotores de Justiça e policiais civis e militares) e é resultado do trabalho do Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (CIRA), de São Paulo, e do Grupo de Atuação Especial no Combate à Sonegação Fiscal e Lavagem de Bens (GAESF), de Alagoas, que reúnem membros das Secretarias da Fazenda, Procuradoria Geral do Estado (PGE) e Ministério Público dos dois Estados, responsáveis por medidas administrativas e judiciais para aprimorar ações integradas de combate à sonegação fiscal, além de reprimir fraude fiscal estruturada e recuperar créditos fiscais.

 

A Fraude


Um esquema de sonegação arquitetado por um grupo de contribuintes do setor de plástico teria criado "empresas fantasmas" com o propósito de serem somente de fachada. A atuação destas empresas se concentraria principalmente em operações interestaduais simuladas, do Estado de Alagoas para São Paulo. Conhecidas como empresas "noteiras", elas são criadas para simular operações falsas de entrada de mercadoria, gerando assim créditos tributários inidôneos, beneficiando contribuintes envolvidos no esquema.

 

As fraudes aconteceram por meio da emissão de cerca de 20 mil notas fiscais fraudulentas, no valor aproximado de R$ 4 bilhões. Para o cometimento dos ilícitos penais havia participações criminosas de contadores, empresários, "testas de ferro" e "laranjas". Todos eles são acusados de organização criminosa, falsidade ideológica e de documentos, fraudes societárias, lavagens de bens, dentre outros ainda em apuração. Tudo isso causou vultosos prejuízos ao erário dos dois estados.

 

"Nestas operações, as notas fiscais são emitidas com destaque do imposto (ICMS), que é utilizado como crédito pelos destinatários paulistas na apuração do imposto devido em operações posteriores. Desta forma, a fraude permite que o imposto devido ao Estado de São Paulo seja artificialmente diminuído, trazendo prejuízos ao erário e à concorrência", explica Cesar Itokawa, diretor de Fiscalização da Secretaria da Fazenda e Planejamento de São Paulo.

 

"A Noteiras, em resumo, pretende cumprir prisões, bloquear contas e valores, apreender documentos, bem como qualquer outro elemento de convicção supostamente utilizado na prática desses crimes ligados às atuações ilícitas da organização criminosa que age, principalmente, em Alagoas e em São Paulo", informa o promotor de Justiça Cyro Blatter, do Ministério Público de Alagoas.

 

Trabalho de campo


Os trabalhos dos agentes fiscais de rendas da Secretaria da Fazenda e Planejamento, dos membros do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP, e do Grupo de Atuação Especial para Recuperação Fiscal (Gaerfis), da PGE/SP, que conta com o apoio da Polícia Militar, consistem na coleta de material comprobatório da fraude em empresas e em escritórios de contabilidade. A Polícia Civil cumpre as ordens de prisão contra empresários e contadores que participariam do esquema.

 

Além de subtrair recursos dos cofres públicos, a sonegação de tributos gera concorrência desleal, uma vez que, ao não cumprir com suas obrigações legais, as empresas fraudulentas criam condições para oferecer produtos com valores abaixo do praticado pelo mercado, prejudicando os contribuintes cumpridores de suas obrigações perante a legislação tributária.

 

A Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo trabalha com o monitoramento diário das operações que envolvem contribuintes paulistas (internas e interestaduais) para buscar, identificar e estancar rapidamente as fraudes. A equipe de monitoramento e inteligência acessa diariamente o banco de dados de notas fiscais emitidas e recebidas por contribuintes paulistas e realiza diversos cruzamentos de dados em busca de padrões de comportamento que se adequam ao perfil das empresas noteiras.

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